Por Kiko Nogueira. Diário do Centro do Mundo –
O site FFW teve 140 mil visitantes únicos em agosto, de acordo com a ferramenta Similar Web, que mede audiências na internet. É pouco. Mesmo em se tratando de moda, sua área de atuação, há nomes muito mais concorridos. O blog de Camila Coelho, por exemplo, teve 210 mil.
O FFW também não é o que se poderia chamar de grande referência nesse terreno. Ainda assim, de acordo com a Folha de S.Paulo, recebeu 301 mil reais em publicidade do governo Alckmin.
Esse valor incluiu, anote, três postagens no Instagram, três no Facebook, dois anúncios e um banner. Também faria parte uma série de fotos dos alunos do Centro Paula Souza, autarquia responsável por 218 escolas técnicas estaduais (etecs).
Teoricamente, essa publicidade ficou no ar por seis meses. Não há notícia de que alguém tenha visto. Por esse montante, seria razoável supor que o governo paulista apostou num retorno alto de performance. O critério não fica claro.
Para que os interessados saibam as tabelas de preços, os sites conta com o chamado “mídia kit”, que possui números e formatos publicitários (o do DCM está no rodapé).
O FFW não tem. Ou melhor, aparece “página não encontrada” quando o cidadão clica. Onde está escrito “Anuncie”, o que se vê é uma paisagem desoladora e uma impressão de abandono. Uma espécie de vitrine de loja fantasma, com prateleiras vazias e nenhum vendedor por perto.
Embora não apareça no expediente, o dono do FFW é Paulo Borges, idealizador da São Paulo Fashion Week. Sophia Alckmin, filha de Geraldo e Lu, tem um blog de moda chamado Betty’s.
Sophia foi definida como “celebridade” no FFW numa matéria. Uma outra nota, ainda, afirma que ela é uma das “brasileiras arrasando em Paris”, parte de “uma turma de jovens blogueiras e empresárias” que está na cidade “acompanhando os desfiles de inverno.”
Geraldo Alckmin costuma ser encomiástico ao se referir à SPFW e seu organizador. “Paulo Borges colocou São Paulo no grande circuito da moda mundial”, disse uma ocasião. “O SPFW é uma referência no mundo inteiro, isso é muito importante porque é emprego, agregação de valor, cultura”.
No mínimo, há uma certa coerência: é o mesmo governo Alckmin que colocou 500 mil reais numa revista que ninguém lê, batizada de “Caviar Lifestyle”, cujo “publisher” é João Doria Jr — o preferido do governador para disputar a prefeitura paulistana.
Ok. Pode ser tudo uma enorme coincidência. O dinheiro público deve ter sido muito bem investido nos irrelevantes FFW e na Caviar Lifestyle (tente falar esse nome sem rir).
Você precisa, apenas, ser um completo e absoluto inocente para acreditar nisso. Eles não são.