Por Maria Lígia Pagenotto, jornalista, no Facebook
Sim, a futura ministra da mulher foi abusada na infância dentro de casa, por pessoas muito próximas de sua família – e isso é quase um padrão.
A violência sexual causa traumas terríveis e pode levar às vítimas ao suicídio (taí sua história).
Damares conta que na sua casa não se falava de sexo.
E, de novo, esse é o padrão geral da família brasileira: não se fala de sexo, não se fala de droga (e o futuro presidente parece querer que tudo continue assim, pois já se pronunciou contra educação sexual nas escolas – muitos votaram nele por conta disso, aliás).
Agora, penso eu, Damares, por ter passado por tão traumática experiência, deveria ter mais solidariedade com as mulheres vítimas de estupro.
Querer aproximá-las do algoz, forçar a continuidade de uma gestação nessas condições, em troca de um auxílio financeiro, é, no meu entender, de uma crueldade atroz.
E cuidar da dor imensa causada pela violência, quem cuida? Como dá pra uma mulher estuprada, violentada, cuidar de um filho gerado nessas condições?
É o caso de perguntar pra ela o que faria se tivesse engravidado de um dos seus estupradores.