A Polícia do Exército colocou tanques para defender os golpistas na madrugada deste domingo para segunda e não deixou que a polícia militar do DF, já comandada por Ricardo Capelli, interventor, prendesse os terroristas. Quem deu a ordem para que isso acontecesse?
Por Renato Rovai, compartilhado da Revista Fórum
É correto suspender o mandato do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) como fez o ministro do STF Alexandre de Moraes. Ibaneis deveria, inclusive, ser preso por ter colaborado com a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do STF. Ele não foi um mero expectador. Foi incentivador, porque no mínimo desde o dia 12 de dezembro sabia dos riscos que se corria em Brasília e não colocou sequer um cabo e um soldado para proteger as instituições.
Mas ele não é o único responsável por tudo que ocorreu no Distrito Federal. O Exército Brasileiro tem dois batalhões que se revezam no subsolo do Palácio do Planalto, o Regimento de Cavalaria de Guarda e o Batalhão da Guarda Presidencial. Onde estavam esses homens quando aconteceu a invasão ao Palácio do Planalto? Quem é o comandante dessas tropas? Por que até agora não houve nenhuma punição ao comando desses homens?
Além disso, a Polícia do Exército colocou tanques para defender os golpistas na madrugada deste domingo para segunda e não deixou que a polícia militar do DF, já comandada por Ricardo Capelli, interventor, prendesse os terroristas. Quem deu a ordem para que isso acontecesse?
Foi fundamental a decisão de Alexandre de Moraes em relação ao governador Ibaneis para que outros governadores não venham a se assanhar e pensem duas vezes antes de colaborar com os golpistas. Mas isso não é suficiente.
Há militares envolvidos no golpe. E com certeza gente de alta patente, que fez com que o presidente Lula escolhesse José Múcio para ministro da Defesa e continue com ele no cargo mesmo depois de tudo isso.
Não dá mais pra fazer de conta que o governo Lula não está com a faca dos militares no seu pescoço. Há risco iminente de um golpe clássico. E para desmontar isso será preciso mais do que um Múcio no ministério da Defesa. É preciso arriscar mais. É fundamental destituir todos os generais envolvidos com esta tentativa de golpe de ontem. E eles não são poucos, mas a defesa da democracia exige isso: coragem.