O extremista de direita é antes de tudo um covarde

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Ao longo dos seus quatro anos de governo, Bolsonaro, em incontáveis ocasiões, agrediu as instituições, ameaçou dar golpes, afrontou as normas sanitárias, debochou de doentes e mortos, além de ofender jornalistas. Mas nunca teve coragem de assumir as consequências de seus atos e de suas declarações.

Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog




Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Diante das péssimas repercussões de suas falas, sempre voltou atrás, enfiando o rabo entre as pernas e negando tudo o que dissera. Chegou a criar um bordão que é um monumento ao cinismo: “só jogo dentro das quatro linhas da Constituição.”

Até hoje, decorridos sete meses desde que deixou o governo e fugiu do país, ele segue na mesma toada. Em uma rápida retrospectiva do que foi noticiado pelos veículos de imprensa neste período, verificamos um monocórdico mais do mesmo:

“Bolsonaro depõe na PF e nega falsificação em certificados de vacina.”

“Bolsonaro diz em depoimento que desconhece minuta do golpe.”

“Na Polícia Federal, Bolsonaro nega que tenha se apropriado das joias dadas de presente pelos árabes.”

Claro que não se esperava dele a confissão de seus crimes. Mas chama atenção as inconsistências e superficialidades de suas negativas. Chega a ser cansativo. Enfadonho também é o desfile de operadores de Bolsonaro na CPI do 8 de Janeiro, ora se calando, ora ofendendo a inteligência das pessoas, jurando inocência mesmo diante de evidências e fatos aterradores.

Além das conhecidas marcas registradas da atuação da extrema-direita, aqui e em outros países, tais como o negacionismo científico, o ataque sistemático à cultura e às artes e a mentira, com o uso em larga escala da injúria, da calúnia e da difamação como ferramentas de ação política, a covardia é outro elemento indissociável do caráter do fascista.

De blogueiros a parlamentares, de familiares do ex-presidente a figuras decadentes do universo sertanejo, de representantes da enorme banda reacionária do agronegócio aos mercadores histriônicos da fé, passando por governadores que fingem ser da direita republicana e por muitos militares e policiais, o grosso da militância bolsonarista, mais ou menos graduada, tem a covardia gravada na alma.

Valentes no anonimato das redes sociais e quando promovem, em bando, quebradeiras de sedes dos poderes da República, viram “gatinhos” ao serem confrontados pela lei e pela justiça. Não se tem notícia de um gesto de coragem, por exemplo, por parte das centenas de meliantes golpistas presos em 8 de janeiro, na linha de assumir o malfeito, tipo “assumo o que fiz, agi por convicção política.”

Que nada. O exemplo a ser seguido é o da atávica covardia de seu líder. Vejamos o que acontece hoje no Congresso Nacional, onde a bancada bolsonarista vem protagonizando um festival de horrores, degradando como nunca na história o ambiente parlamentar.

O alvo preferencial do desrespeito e das agressões deles, seja nas CPIs, nas comissões ou no plenário, tem sido as mulheres de esquerda. Aí a história se repete: quando denunciados pelas deputadas e senadoras dos partidos do campo progressista e pela imprensa, tratam de sair de fininho e negar tudo.

Covardões.

PS: ao terminar este texto, fico sabendo da prisão de Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, por interferência nas eleições de 2022. Grande dia.

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