Do Blog do Bepe Damasco –
Até as paredes do Congresso Nacional sabem que, fora os partidos ideológicos, unidade é artigo raro entre as bancadas de deputados e senadores. De pouco adiantam decisões partidárias de votar pelo impeachment ou contra ele.
O “desembarque” do PMDB do governo, cujo lugar de destaque no anedotário político nacional está mais do que garantido, é a prova cabal disso. Os ministros do partido, além de não deixarem a Esplanada dos Ministérios, pretendem se licenciar para votar contra o impedimento da presidenta Dilma.
Isso não impede as manchetes espetaculares da mídia afundada até o pescoço no lamaçal do golpe de estado dando conta de que o isolamento do governo é irreversível e que o assalto ao poder pelos quadrilheiros golpistas é apenas uma questão de dias.
A ideia é tão primária quanto óbvia : influenciar o voto dos indecisos via efeito manada. Coisa do tipo, “bem, se todos estão a favor do golpe, eu também vou nessa.” Aliás, não devia causar espanto nem surpresa a súbita conversão à causa da ruptura da ordem democrática por parte de lideranças partidárias outrora penduradas em cargos do governo.
Isso é reflexo da composição atual do parlamento brasileiro, seguramente o de nível político mais rasteiro da história da República, apresentando déficits insanáveis em termos de convicção republicana e democrática.
Cabe às centenas de milhares de brasileiros e brasileiras, que ergueram um gigantesco movimento nacional de resistência democrática, redobrar o cuidado com as notícias oriundas do monopólio midiático.
Até domingo todas as adesões ao golpe serão amplificadas, enquanto os posicionamentos contrários serão devidamente minimizados e escondidos. Outra coisa : o oposição não tem como alardeia os 342 votos necessários para o êxito da quartelada parlamentar.
É preciso que todos tenham claro que a imprensa é parte ativa e militante do golpe. Diante de informações alarmistas que pipocam a todo instante, não custa buscar fontes alternativas em blogs e sites progressistas, bem como dar atenção às avaliações e orientações provenientes do movimento da sociedade em defesa da democracia.
Não devemos ter ilusões quanto aos escrúpulos de um grande número de deputados. Eles são perfeitamente capazes de afrontar a consciência democrática da sociedade e consumar o golpe. Daí a importância de acelerar a mobilização até o dia 17, utilizando todos os recursos e instrumentos de pressão sobre os congressistas.
Não devem restar-lhes dúvidas quanto às consequências de seu voto. Uma eventual consumação do golpe trará como consequência imediata uma país ingovernável. Como diz o Paulo Nogueira, só um sem noção como o Temer pode imaginar que o apoio da Globo será suficiente para garantir-lhe a governabilidade. A resistência a um governo sem voto se avizinha feroz e de consequências imprevisíveis.