A festa dos desejos

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Por Adriana do Amaral, jornalista

Parece que a Bolívia fica em São Paulo! Esta é a impressão de quem participou da Alasita pela primeira vez, como eu. Festa realizada na véspera do aniversário da capital paulista, celebrada hoje, 25 de janeiro.




O dia prosperidade é tradicional na Bolívia, prestigiado pela comunidade andina radicada em São Paulo e no mundo agora.

Bolivianos de todas as idades, alguns com trajes típicos, mas muitos descendentes nascidos no Brasil.

É quando as famílias se reunem para fazer piquenique, no Parque Ulisses Guimarães, na região central. Também, para comprar as miniaturas, saborear comidas típicas e ouvir/cantar e dançar o folclore e as músicas contemporâneas.

Na capital paulista, outras duas Alasitas foram realizadas, concomitantemente, nas regiões Leste e Norte da cidade. Um dia inteiro de confraternização e desejos.

Compre-me

Ao longo da feira vemos as pessoas carregando objetos distintos, todos cobertos com a tapeçaria típica: a tari. Há opções de tamanhos variados e são usadas para carregar crianças, comida e os desejos.

O presidente da Associação dos Empreendedores Bolivianos, Ronaldo Soto, afirma que podemos traduzir Alasita por “compre-me”. Por isso, a feira também é lucrativa.

A tradição reza que deve-se materializar o desejo a ser realizado no ano através de miniaturas (nem tão pequenas assim). Depois, deixar o objeto exposto em casa e mentalizar com fé.

Quem chegou cedo conseguiu, inclusive, a intervenção de um padre, que benzeu os objetos com água benta. Uma circulada pela feira revela que os bolivianos radicados no Brasil estão desejosos por aumentar suas rendas e comprar moradias.

Os bois são os objetos mais comprados, a cerca de R$60 cada, e sinalizam dinheiro. Mas há miniaturas de casas, apartamentos, terrenos, carteira de trabalho, diploma, passaporte e tudo o que se possa desejar.

O casal Ibraim e Andrea, ele vendedor de seguros, ela costureira, somou os desejos: boi, casa com tudo dentro. As miniaturas são carregadas durante como pequenos altares, no colo, no ombro, no alto da cabeça.

Enquanto muitos comerciantes aproveitaram para negociar, outros preferiram aproveitar o dia de folga. Os que venderam, lucraram muito, os que preferiram descansar, encontraram amigos.

Estima-se que vivam em São Paulo mais de 300 mil bolivianos, a maior parte deles trabalhando na costura/setor textil ou comércio. A intensidade da imigração vem diminuindo e, atualmente, o Brasil é destino de jovens em busca de oportunidades.

A explicação seria que a economia brasileira, no momento, não é mais atrativa. “O dólar está mais caro aqui do que na Bolívia”, reclamam.

É o desejo que move o mundo!

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