Texto de Adonis Karan, produtor cultural, musical, Cineasta*
Recentemente, o Canal Brasil exibiu um documentário em seis episódios, intitulado Festivais do Brasil com a proposta de relembrar os grandes festivais de Música Brasileira realizados nas décadas de 60, 70 e 80, cujo foco foi direcionado unicamente aos festivais da TV Record e TV Globo. Não se lembraram de citar outros emblemáticos festivais realizados naqueles anos dourados, muitos deles organizados e realizados para seis redes de televisão por mim, Adonis Karan, um remanescente daqueles tempos.
Alguns deles: FESTIVAL O BRASIL CANTA NO RI0, para a Rede Excelsior, simultaneamente em oito estados e no Maracanãzinho; FESTIVAL UNIVERSITÁRIO DA MÚSICA BRASILEIRA e FESTIVAL DE MÚSICAS PARA O CARNAVAL, para a Rede Tupi, no Maracanãzinho. Cinco edições anuais para cada um deles (de 1967 a 1972); FESTIVAL MPB SHELL, para a Rede Globo, no Maracanãzinho; FESTIVAL O SOM DAS ÁGUAS, para a Rede Manchete, com ousada transmissão ao vivo da cidade de Lambari, Minas, ao vivo para todo o Brasil; FESTIVAL DE CHORO CHORANDO NO RIO, para a Rede Educativa.
Esses festivais revelaram e/ou projetaram as carreiras de compositores e intérpretes, hoje consagrados em todo o planeta. Gonzaguinha, Ivan Lins, Clara Nunes, Roberto Menescal, Martinho da Vila, MPB4, Beth Carvalho, Quarteto em Cy, Ruy Maurity, Dalva de Oliveira, Aldir Blanc, Dircinha e Linda Batista, Zé Ketti, Joyce, João Roberto Kelly, Elza Soares, Jane Duboc, Wagner Tiso, Marcos e Paulo Sérgio Valle, Braguinha, Alceu Valença, Francis Hime, César Costa Filho, Aldir Blanc, Belchior, entre muitos outros.
Nas últimas décadas, com o descaso com a educação (fator principal) e a falta de apoio oficial dos gestores da cultura, da grande mídia e de consagrados artistas revelados por aqueles festivais, afirmam que esses eventos estão ultrapassados, apesar de anualmente se realizar mais de 500 festivais por esse Brasil afora.
Assim, frustram a possibilidade de se revelar novos talentos para a autêntica MPB. São incontáveis Chicos, Gonzaguinhas, Belchiores e Aldires, que não têm perspectiva de evoluir artisticamente porque o mercado musical está tomado por “gêneros musicais” ditos modernos. Isso já é outra história na contramão da história.
*Nota da blog: O título da postagem é do Bem Blogado sobre Adonis Karan, um remanescente lendário da era dos festivais que luta por esta modalidade até os tempos atuais. Adonis faz questão de contar toda a história dos festivais vivida por ele e lamenta o fato de alguns “especialistas” que preferem sobreviver na zona de conforto da superfície.
Adonis Karan Foi diretor da Rede Tupi, TV Record, TV Excelsior, TV Educativa, TV Manchete e TV Globo.
Começou a carreira na TV Excelsior, produzindo um programa dominical com a atriz Bibi Ferreira, dirigido por Manoel Carlos. Em 1966, co-produziu seu primeiro festival para a TV Record o III Festival da Música Popular Brasileira. Mais tarde, promoveria outros eventos semelhantes, como O Brasil Canta no Rio (Excelsior); Concurso de Músicas para o Carnaval e Festival Universitário (Tupi); O Som das Águas (Manchete); Chorando no Rio (TVE – Rede Brasil); e MPB Shell (Rede Globo): Festival Estudantil da Música Brasileira (Caxias – Baixada Fluminense)
Os mencionados festivais revelaram compositores da importância de Chico Buarque, Geraldo Vandré, Edu Lobo, Vinícius de Moraes, Martinho da Vila, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Wagner Tiso, Francis Hime, Gonzaguinha, César Costa Filho, Ivan Lins, Aldyr Blanc, Belchior, Paulinho Tapajós, Alceu Valença, entre outros.
Conhe mais sobre a trajetória artística de Adonis Karan aqui no Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Adonis_Karan