Por Washington Luiz de Araújo, jornalista –
O Chico Caruso que criou a charge de “O Globo” em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, com Dilma ajoelhada, prestes a ser decapitada por um extremista islâmico, é o mesmo que fez ilustração para o mesmo jornal sobre a tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 27 de janeiro de 2013. Na charge, igualmente infeliz sobre o triste acontecimento que matou 242 pessoas e feriu 680, Chico Caruso desenhou Dilma com as mãos na cabeça e as pessoas sendo queimadas no prédio. Ou seja: tentou induzir os leitores de que a presidenta tinha algo a ver com a tragédia.
Tanto uma ilustração como outra receberam muitas críticas nas redes sociais, mas também foram objeto de muita omissão. Houve, nos dois casos, um gritante silêncio da chamada grande mídia.
E Caruso continuará pensando, diante de seu moderno computador, que está agradando, com seu suposto senso crítico, e continuará a trilhar a abjeta linha do desrespeito, do escracho pelo escracho, da vulgaridade repugnante.
Talvez continue sendo bajulado pelo seu público, que compactua com xingamentos a mulheres, com boatos, com reportagens tendenciosas, com depoimentos de colunistas caluniosos, com jornalistas que confundem isenção numa entrevista com falta de educação…
Triste fim de um grande chargista. A ausência de dignidade o levou ao baixo nível, à sabujice, ao mau gosto. Não aprendeu que, no caso de um cartunista, o talento não está somente em desenhar bem, mas também em ser inteligente na crítica e decente no trato com as pessoas.
Abaixo, críticas de Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, e de Renato Rovai, do Portal Fórum, respectivamente sobre a charge de 8 de março de 2015 e a de 28 de janeiro de 2013.