Pesquisa vai, pesquisa vem, e os resultados vão traçando uma reta: Lula e o presidente genocida caminham para o segundo turno em 2022, a famigerada terceira via empaca por anemia de votos e espera o milagre da multiplicação improvável com o juiz-moleque da Lava Jato e… Ciro Gomes. O homem que se acha o sábio, a quem o Brasil deve ter o dever de eleger presidente da República, parece estar se encaminhando definitivamente para o ostracismo na eleição.
Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, BemBlogado
Uma preliminar antes de continuar. Ciro não é fascista, pertence ao campo democrático. Embora recentemente tenha dado todos os motivos para que não se goste dele, é reducionismo e inverdade política incluí-lo no campo do bolsonarismo, como alguns cegos políticos fazem.
Ciro é hoje movido pelo ódio a Lula, Não se conforma em ser coadjuvante no campo popular faz muito tempo. Mas o ressentimento aflorou total depois que o ex-presidente da República retomou os direitos políticos e instantaneamente galvanizou o setor.
Toda caminhada de Ciro estava planejada: sem Lula, iria disputar o hegemonismo na esquerda em 2022 (foi massacrado por Haddad em 2018, mas sonhar é do ser humano). O discurso era todo em cima dos absurdos do governo genocida. Mas foi Lula reaparecer que o homem parece que endoidou.
Tal como biruta de aeroporto, Ciro apostou em vento. Já que pela esquerda não dá, quem sabe o negócio é tentar conquistar o voto antipetista. E dá-lhe vídeo com a Bíblia na mão, ataques diários a Lula e PT, desespero total.
O absurdo culminou com a delirante tentativa de associar Lula com a Prevent Senior. Não é problema mental, como seria justo supor, mas desespero.
Ciro empacou nas pesquisas. Não consegue chegar sequer aos seus tradicionais, pero intransponíveis,12%. Parece que casou com o dígito solitário.
Para piorar, cada novo levantamento de opinião revela que a opção do pedetista foi errada: Ciro colhe antipatia que já chega à raiva entre muitos na esquerda e não ganha absolutamente nada no antipetismo de direita.
Se algum nome surgir na improbabilíssima tentativa de tirar Bolsonaro da disputa final, todas as pesquisas e análises sensatas apontam que ele sairá da dita direita tradicional, quem sabe do bolsonarismo sem Bolsonaro, tipo os figurinos de Moro e Leite.
No campo do antipetismo e antilulismo, os eleitores preferem ficar com a direita-raiz. Não há espaço para cristãos novos aí. É o drama de Ciro.
Não se surpreendam se, depois da tardia mas possível amarga constatação futura do insucesso inevitável, Ciro se volte novamente a privilegiar os ataques ao genocida. Falta menos de um ano para a eleição, os caminhos estão fechados para Ciro no campo popular.
Resta a incógnita sobre se, mesmo sendo figura lateral na sucessão, no caso de persistir o combate frontal primeiramente a Lula, o eterno candidato do PDT não poderá ajudar a fortalecer, mesmo que seja impensável o apoio a Bolsonaro, o sentimento antipetista que une extrema-direita e direita tradicional no Brasil.
Ciro está numa encruzilhada. A via da urna fornece todos os sinais de um novo não a quem se julga credor dos brasileiros.
Não se sabe o que será capaz de fazer durante a campanha. Aceitará o trajeto digno de defender suas propostas econômicas e manter-se no nível da disputa civilizada e democrática ou o ressentimento dará vazão ao triste papel de linha auxiliar do que há de mais atrasado no País?
Embora, a preços e pesquisas sérias de hoje, tudo indique que terá um lugar lateral na corrida de 2022, Ciro viverá um dilema lá: ou entrará na História pela porta da frente, como quem lutou com compromissos democráticos pelos seus ideais, ou ficará com o registro de um aventureiro sem compromisso algum com o Brasil?
Não existirá Paris ou muro na escolha. O que está em jogo é livrar o País e seus cidadãos de um governo que se tornou pesadelo em todos os campos.