O Fora Temer é passado

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, para o Bem Blogado – 

O ex-presidente Lula afirmou dia desses que a palavra de ordem política Fora Temer estava superada. Alguns, dentro do lamentável jogo político de acusações das esquerdas brasileiras, enxergaram ali uma capitulação do petista diante da repulsa quase unânime dos brasileiros ao governo da barbárie social. Mas, cá entre todos, Lula foi apenas realista.

É hora de enxergar o pós-catástrofe do golpismo e pensar em como o Brasil pode reverter, a partir das eleições de 2018, o desastre gerado por Temer, seus patrocinadores e beneficiários.




Não acreditar mais na queda de Temer não significa não desejá-la e, tampouco, achar que a luta não deveria ter existido. Mas as tais condições objetivas apontam que não há no horizonte imediato a possibilidade de encerrar o ciclo de horrores iniciado com o golpe parlamentar.

Apesar da rejeição recorde, a realidade é que não houve mobilização popular suficiente para expulsar do Poder quem se apossou dele sem legitimidade. Duro? É. Porém é verdade.

E já há menos de um ano para a eleição, é hora de olhar para lá. Da mesma maneira, embora fosse justa sob todos os aspectos, a propagação do “Pela anulação do impeachment” até os dias de hoje parece papo de maluco, mesmo como ferramenta de propaganda e agitação política.

Do ponto de vista jurídico, alguém com 8 neurônios leva o STF a sério? E, outra verdade dura, a população não saiu às ruas para defender a legalidade e não mostra nenhum sinal de que enxerga a volta de Dilma como solução para seus problemas. O jogo foi jogado, embora com uma trapaça monstruosa, senhores.

Mesmo com o efeito paralisador que representa a incerteza sobre a candidatura Lula, é hora de estabelecer algumas premissas no campo popular. Com o que uma candidatura deve se comprometer? Quais os limites de alianças?

Ah, e parar definitivamente com essa ilusão que transfere automaticamente os votos de Lula para um indicado por ele, se for confirmado o mais provável, que é o tapetão jurídico-judicial contra o líder em todas as pesquisas. Lula é um caso a parte, único na História e na urna. Ninguém herdará todos os seus votos.

Voltemos para o futuro (rs). Parece claro que qualquer postulação do campo progressista tem que assumir o compromisso de reverter os itens que compõem a barbárie social do governo Temer. A retirada de direitos em todas as áreas, a condenação do futuro chancelada pela PEC dos gastos, a entrega e patrimônio público…. Não é pouca coisa, muito pelo contrário.

Independentemente do tamanho e limites das alianças para 2018, nenhuma candidatura que se reivindique de esquerda pode fugir da obrigação. A chacina social tem que ser desmontada no pais que já oferecia tão pouco de cidadania à sua maioria pobre.

Parece óbvio? Nem tanto. Assumir o discurso pelo desmonte dos atos sociais medievais do governo do golpe é saber que terá que enfrentar campanha pesadíssima da mídia hegemônica, do mercado financeiro e da elite mais retrógrada. Não é tarefa para fracos e nem comporta ambiguidades.

Fazer campanha em busca de voto, ganhar e não apagar tudo de muito ruim que foi imposto aos pobres pelo governo corrupto de Temer seria sim um estelionato eleitoral. Não há como ter um mínimo de justiça social no Brasil sem sepultar o que foi feito nesse último ano e pouco. Não há política social compensatória que possa ser justa se lastreada na retirada de direitos. Isso é liminar.

Um bom termômetro para as alianças de 2018 é saber se candidatos e aliados estão dispostos mesmo à recusa de governar em cima de leis que arrocharam direitos sociais. Mais do que palavras e promessas, o sim à premissa é que deve nortear os passos.

Portanto, foi válida, justa e necessária a luta e a agitação pelo Fora Temer. Mas a Política exige olhar para a realidade. Não conseguimos extirpar o câncer do golpismo por muitas razões. Mas é possível sim, a partir de 2108, combater com o olho no futuro e a obrigação de apagar o efeito do recente.

Não percamos mais tempo com o que não tem jeito, apesar de absurdo. É hora de organizar as forças com a maturidade ensinada pela História e a vontade de jovens ao mesmo tempo. Temer e sua política predatória de direitos poderão ser jogados na lata de lixo se as esquerdas pararem de apostar no ontem

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