René Ruschel, jornalista –
O panorama político para 2022 começa a tomar novos contornos. Dois episódios foram fundamentais nesta mudança. A anulação das condenações contra o ex-presidente Lula pelo STF e a instalação da CPI, no Senado, para apurar a crise sanitária que já vitimou mais de 370 mil pessoas.
Os efeitos deste amálgama político são antagônicos. De um lado, Lula entrou definidamente na disputa pela presidência da República e cresce nas pesquisas, enquanto Jair Messias e seu governo derretem.
O futuro da candidatura de JM vai depender do que a CPI apurar e mostrar. Os indícios, no entanto, não são nada animadores para entourage palaciana.
Prevalece o jargão que “em uma CPI é possível saber como começa, mas não como termina”. O ex-capitão corre o risco de não disputar o segundo turno nas eleições do ano vem.
De olho no possível naufrágio de Bolsonaro, Ciro Gomes observa e ensaia seus lances no tabuleiro do xadrez político. O primeiro é fomentar o antipetismo e desqualificar Lula. O segundo, é atrair o centro, a direita e, se possível, a ultradireita conservadora para seu campo.
O desencanto da elite empresarial e financeira, que em 2018 foi obrigada a engolir a candidatura e vitória do ex-capitão, prefere outro nome. O estrago causado ao país não suporta a reeleição.
Dentre os nomes postos à mesa, Ciro Gomes é o mais palatável à elite verde-amarela. O ex-ministro Henrique Mandetta (DEM) é um franco atirador. Luciano Huck não passa de um Bolsonaro com verniz. Certamente vai preferir faturar milhões na Rede Globo animando auditórios nas noites de domingo.
João Dória não une o PSDB e Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, é considerado inexperiente pelos tucanos. Mas tem demonstrado, à frente do governo gaúcho, que reza pela cartilha neoliberal. Isso basta. Daí que, Ciro e Leite podem se unir para enfrentar Lula.
O dilema do petista é escolher quem será seu companheiro de chapa.