Por Fernando Brito, Tijolaço –
Os repórteres do Estadão que registram hoje em manchete o anúncio do genocídio social pretendido pelo Governo Temer poderiam ter ofendido um pouco menos a inteligência de seus distintos leitores.
Dizer que o Governo Temer fará “a expansão do sistema de proteção social para os 10 milhões de brasileiros que compõem os 5% mais pobres deve ser feita por meio do Bolsa Família, que seria mantido” quando, a seguir, informa que o programa atende hoje 14 milhões de famílias (50 milhões de pessoas) é um deboche cruel como poucas vezes li em letra de forma.
Até porque, adiante, fica claro que os 40 milhões de bolsistas a menos, na visão (devo dizer visão sobre algo vindo dessa gente?) do PMDB, vão ficar por conta do mercado: “Para o PMDB, a camada situada acima do limite de 5% até o de 40% mais pobres está “perfeitamente conectada à economia” e deve ter benefícios com uma eventual retomada da atividade econômica”.
Há outras questões, que abordarei a seguir, como o Minha Casa, Minha Vida e o pré-sal.
Agora fico nestes dois absurdos.
O primeiro, o de um governo que pretende tirar uma pequena subvenção (média de R$ 163,57 por família, informa o próprio jornal) de 40 milhões de pessoas pobres.
O segundo, de uma imprensa cúmplice, porque escreve não para as pessoas entenderem o alcance de uma decisão destas, mas confundir e para “dourar a pílula” de veneno contra seu próprio povo.
Não há um ser humano digno deste nome que possa ver se anunciar tamanha crueldade contra uma multidão – 40 milhões é só um milhão a menos que a população da Argentina inteira! – e não se escandalize, fazendo o seu papel de mostrá-la cruamente.
Muito menos um jornalista que não enxergue a óbvia manchete: 40 milhões vão perder o Bolsa Família.
É como chegar em um campo de concentração nazista e escrever que, de fato, os judeus estavam “desnutridos”.