O jornalista Flávio Tavares conta no livro “1964, o Golpe”, sobre a conspiração pré-golpe militar, como se deu a trama, tecida por boatos e pelo hoje chamado terrorismo midiático. “A queda (de Jango) foi rápida, mas a conspiração foi longa. Minuciosa e cuidadosamente organizada, reuniu gente daqui e de fora – militares, empresários, latifundiários, diplomatas, políticos, jornalista e publicitários, bispos, padres e beatas num trabalho perfeccionistas de dois anos e seis meses, que foi além fronteiras e consumiu milhões de dólares em planejamento, propaganda, reuniões secretas e ardis públicos”.

Na obra, o escritor, que, na ditadura foi barbaramente torturado e depois enviado para o exílio, fala sobre o medo implantado pelas categorias acima mencionadas . Medo imposto para que a população se sentisse encurralada e apoiasse o golpe.

Hoje, sabe-se que, mesmo com todo este terrorismo, Jango estava muito bem nas pesquisas de opinião. Recentemente, descobriu-se pesquisa do Ibope em que Jango contava no Brasil com mais de 60% de ótimo e bom e que, em são Paulo, onde a conspiração corria solta, ele contava com 72% de apoio do povo. No entanto, esta pesquisa foi escondida na época e só recentemente veio a tona.

Por falar em São Paulo, Flávio Tavares acentua sobre a época que “o jornalista Júlio de Mesquita Filho (o doutor Julinho) , não é só o poderoso diretor de O Estado de S. Paulo que engajou o jornal na campanha contra os “totalitários do governo federal” – controla também as finanças da conspiração com a rigidez absoluta”.

Portanto, o alto mandatário do Estadão era “mala preta” da “vaquinha” que financiou o golpe e, logicamente, colocava a sua linha editorial a serviço do mesmo. Isso sem falar em outros veículos que conspiraram e comemoraram o golpe, como a Folha de S. Paulo e O Globo.
O pior é que, muita gente, jornalistas inclusos, que sofreram com a ditadura militar, hoje não percebe que qualquer semelhança como o momento atual não é mera coincidência.