Por René Ruschel, jornalista
O governo Lula 3 tem enfrentado uma série tropeços. Alguns não lhe cabem qualquer culpa. Foi vítima de fake news, da intolerância, das políticas rasteiras arquitetadas pela horda bolsonarista. Sem contar os ataques à democracia e ao Estado de Direito. O petista colabora quando resvala em responder ou opinar sobre temas sensíveis. A história que a maioria dos homens “são mais apaixonados pelas amantes do que de suas mulheres” é o melhor exemplo.
Mas convenhamos, no Brasil, essas práticas lamentavelmente fazem parte do jogo político. Portanto, os equívocos cometidos pelo governo estão em não reagir rapidamente aos ataques com respostas convincentes. Desde 2018, Bolsonaro e seus asseclas estão voltados à comunicação mentirosa e distorcida pelas redes sociais.
Uma tropa de voluntários aficionados, entre eles o batalhão dos “tiozões do Whatsapp”, se encarrega de distribuir mentiras e disseminar discórdias. Até um gabinete, “o do ódio”, teria sido instalado no terceiro andar do Planalto para propagar falsidade pelo Brasil afora. A prática persiste mesmo agora na oposição, longe do poder. A turma da comunicação de Lula parece que não enxergou o óbvio. Faltou bom senso.
O caso do Pix que sacudiu o Planalto ilustra bem este fato. Um “simples” vídeo contendo mentiras abalou o governo. As pesquisas recentes mostram o estrago. Não houve reação imediata. Foi preciso buscar primeiro os culpados.
No caso, a Receita Federal e a secretaria de Comunicação. Não existiu “comunicação” entre o órgão fiscal e o governo. De quem é a culpa? Sobrou para o ministro Paulo Pimenta, demitido e execrado.
Pimenta, um aguerrido parlamentar gaúcho, sempre se destacou na defesa intransigente do presidente Lula, inclusive no período que esteve preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Mas comunicação é algo mais complexo e para exercê-la nem sempre bastam apenas relações pessoais.
Nos dois primeiros governos petistas por lá passaram Ricardo Kotscho e Franklin Martins. Ambos eram e são amigos de Lula, mas não tinham ambição política. Pela experiência sabiam que algumas funções exigem discrição.
Aliás, no exercício da profissão aprenderam que jornalista é como juiz de futebol. Quando não se destaca, não aparece, é sinal que cumpriu sua missão.