O inferno em sete dias

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Por Bepe Damasco em seu Blog – 

A caminho de completar seis meses de governo, o capitão nazista se viu semana passada diante de uma evidência que sua cabeça autoritária teima em não aceitar: os limites institucionais do cargo de presidente da República.

 Claro que seria querer demais que Bolsonaro tivesse noção dos compromissos democráticos e republicanos que envolvem o exercício da mais alta magistratura do país. Mas, como dizem os mais velhos, “se não vai no amor, vai na dor.”

Tudo começou com a revelação das provas bombásticas, na noite de domingo, 9 de junho, do apelo à delinquência mais escrachada por parte dos próceres da Lava Jato, Moro e Dallagnol, com o propósito  de prender um inocente e fraudar a eleição presidencial.




De lá para cá (escrevo no domingo, 16) o site The Intercept, sob a batuta do respeitado jornalista e advogado norte-americano Glenn Greenwald, ganhador do prêmio Pulitzer, não deu trégua aos meliantes da Lava Jato.

De posse de um acervo, segundo ele ainda maior do que o do caso Snowden, Glenn vem disparando petardos demolidores contra a República de Curitiba. Lembra uma luta de boxe, no qual um lutador é acuado no córner, no canto do ringue, sendo alvo de uma quantidade incessante de jabs, cruzados e diretos. A única dúvida dos jurados e do distinto público é saber o assalto em que o boxeador espancado irá a nocaute.

Vêm os chamados dias úteis da semana e o tempo fecha de vez para o bolsonarismo. Primeiro o STF torna sem efeito o decreto presidencial extinguindo os conselhos da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Esses conselhos são um precioso instrumento de participação popular na elaboração e fiscalização das políticas públicas.

 Na sequência, o Supremo conclui a votação da criminalização da homofobia. Por 8 x 3, o tribunal decidiu equiparar a homofobia ao racismo em termos de tipificação penal, reduzindo a escombros um dos pilares mais fortes da ideologia das trevas que inspira os atuais ocupantes do poder.

A decisão atinge em cheio os dois segmentos que ainda apoiam cegamente o desgoverno Bolsonaro: os evangélicos neopentecostais e fundamentalistas e a elite do atraso, para usar a feliz definição do sociólogo Jesse Souza acerca dos endinheirados brasileiros.

Atravessando a Praça dos Três Poderes, também no Congresso Nacional Bolsonaro não teve boas notícias. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado, cuja composição reflete o tamanho das bancadas, sendo, portanto, um bom termômetro para avaliar como se comportará o plenário da Casa, vota contra o decreto das armas do Planalto.

Caso o plenário acompanhe a CCJ, imagina o estrago que significa para o capitão deixar de cumprir uma de suas principais promessas de campanha, a mais cara para os cães hidrófobos que formam sua base de sustentação social e política.

Só que, para azar do governo, a semana ainda não terminara. E o que estava por vir faria espumar de ódio o ministro da Economia, Paulo Guedes. O relator do projeto de reforma da previdência na Câmara dos deputados,  deputado Samuel Moreira, do PSDB de São Paulo, supreendeu ao retirar do seu texto as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural, além de suavizar as alterações desumanas propostas por Guedes para a pensão por morte, pagamento de abono e aposentadoria das professoras.

E o mais importante: cravou uma lança no coração do projeto de Guedes ao excluir a capitalização. Não tardaria para o ministro vociferar nos meios de comunicação contra o Congresso, desesperado por não conseguir entregar aos bancos a valiosa mercadoria prometida: o fim da previdência pública.

 O presidente da Câmara, Rodrigo  Maia, reagiu dizendo que o governo é uma usina de crises. O fato é que o projeto continua sendo brutalmente injusto e cruel com os mais pobres e merece ser rejeitado na íntegra. Mas não há dúvida de que o relatório representou uma baita derrota para a dupla Guedes-Bolsonaro.

Enquanto o ministro dava seu chilique diante de câmeras e microfones, em todos os estados do país trabalhadores de um sem numero de categorias profissionais cruzavam os braços e ocupavam as ruas para protestar contra a reforma.

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