O inimaginável companheiro Alckmin

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Se há um milagre que o atual mandatário da República conseguiu realizar foi juntar contra ele personagens que até então eram adversários: O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Por Simão Zygband, compartilhado de Construir Resistência




Não é uma amálgama fácil de conceber, uma vez que ambos estiveram historicamente em campos opostos: Lula, no PT e Alckmin, no PSDB, que há anos disputam o poder no estado de São Paulo e no país.

Podemos dizer que PSDB e PT governaram o Brasil por mais de 20 anos (com Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff, que não completou seu segundo mandato, até por ação de vários peessedebistas, inclusive de maneira acanhada, o próprio Alckmin).

Mas, como dizia Tancredo Neves, a política é como as nuvens, que cada dia estão de um jeito. E muitos fatores têm contribuído para que Alckmin se torne palatável para o PT, apesar de tantas questões que possam desabonar o ex-governador paulista junto ao eleitorado petista, sobretudo os mais intolerantes.

Ninguém deixará de lembrar de episódios marcantes que deixaram petistas com “ódio” de Alckmin: a truculência da PM comandada por ele contra professores, nas manifestações onde ocorreram violência em 2013, na desocupação selvagem de uma área ocupada em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, no bairro do Pinheirinho.

Houve também mortes de inocentes nos ataques do grupo criminoso PCC, quando a polícia paulista se vingou de jovens indefesos, na sua maioria negros, para dar uma demonstração de força e conter a selvageria do crime organizado. Tudo com assinatura do PSDB.

Mas, a história recente do Brasil também tem personagens que fizeram a revisão e mudaram de opinião. Alckmin pode estar fazendo uma “mea culpa” ou é igual ao traidor Michel Temer, que organizou o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e o PT?

Óbvio que ninguém está dentro da cabeça de ninguém. Alckmin pode ser um novo Michel Temer? Na minha modesta opinião, que pode ser desmentida com o tempo, tenho a certeza que não.

Como disse o editor do Construir Resistência, Nelson Marques, que profissionalmente trabalhou como produtor de TV, inclusive com o PSDB (mas não só com eles), Alckmin não tem histórico de traidor, mas pelo contrário: dentro de seu partido, aceitou ser sacaneado pelo seu adversário interno, José Serra e por sua própria cria, aí sim um traidor de nome João Doria, que se notabilizou por passar rasteiras naqueles que o ajudaram, inclusive Bolsonaro. Em relação a Alckmin, Doria literalmente cuspiu no prato que comeu, pois foi cria dele.

Mas, como disse, não é impossível Alckmin ter feito a revisão, como fez o ex-senador Teotônio Vilela, que abandonou as fileiras governistas da Arena e do PDS para se juntar à frente democrática que se organizou para derrotar o regime militar no PMDB? Quem garante que o ex-governador não tenha se apercebido do equívoco político que representou o PSDB? Só ele pode responder.

Eu, particularmente, confio no feeling do ex-presidente Lula. Na minha cabeça, entendo que uma liderança como ele, que por duas vezes presidiu o Brasil e por duas vezes fez a sua sucessora, com 75 anos de idade, já poderia estar cuidando da sua vida, com a nova companheira, filhos, netos e quiçá bisnetos.

Na minha modesta opinião, Lula vai para o sacrifício político de tirar o país do caos bolsonarista e, para isso ele, mais do que ninguém, entende ser necessária a composição com Alckmin, um político  conceituado, com grande inserção no maior eleitorado do país, cuja adesão é uma das responsáveis pelos números robustos que o ex-presidente tem nas pesquisas de intenção o de votos.

Mas desta vez, tal qual ocorreu na luta contra o regime militar, não se trata de uma eleição normal. A Frente de Oposição a qual Alckmin se alia é para derrotar o fascismo e esta não é uma tarefa fácil. Guardada as proporções, Alckmin faz as vezes do novo Teotônio Vilela.

Posso estar enganado, mas já podem atirar as primeiras pedras.

De Geraldo Alckmin ao se filiar ao PSB

“Quero cumprimentar o PSB pela decisão de apoiar Lula para presidente da República. Nós temos que ter os olhos abertos para enxergar e a humildade para entender que ele é hoje aquele que melhor reflete e interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro”.

“Lula é hoje o que melhor reflete, interpreta, o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia, porque ele é fruto da democracia. Não chegaria lá, do berço humilde, se não fosse o processo democrático”

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