Por Angela Carrato, jornalista
O Jornal Nacional se transformou em espaço para corruptos e golpistas tentarem negar suas ações.
Só na edição desta sexta-feira (28/12) foram dois.
O primeiro foi o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que numa atitude típica de enrolação, falou, falou, mas não respondeu aos questionamentos do ministro do STF, Flávio Dino.
Dino fez perguntas objetivas: quais parlamentares propuseram emendas, para onde foram enviadas essas emendas e qual o valor delas?
O JN não mencionou valores, mas trata-se de mais de R$ 4,2 bilhões.
Ainda bem que o valor é altíssimo, porque se fosse um pedalinho ou um triplex fuleiro que nunca pertenceu a Lula, a emissora da família Marinho estaria falando nisso o tempo todo e denunciando corrupção.
A enrolação de Lira, que teve microfone aberto para falar o tanto que quis, não funcionou. Dino considerou suas respostas insuficientes e fez novas perguntas diretas ao ponto.
Lira está em apuros, porque não há como responder ao que foi perguntado sem escancarar a corrupção. Não por acaso, o senador Rogério Marinho, líder da oposição, está tão nervoso, porque consta que o maior volume de dinheiro para tais emendas partiu dele. Ao invés de se explicar, ele ataca o ministro Dino.
Nada disso o JN mostrou. Ao contrário. Tratou com toda deferência o “coroné”, um “amigo da “Casa”.
Outro em apuros é o general da reserva, Braga Netto. Em prisão preventiva há 13 dias, ele teve o habeas-corpus negado, obrigando o seu advogado, José Luis de Oliveira Lima, a se valer de toda a retórica para tentar desacreditar a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que o incrimina diretamente.
De acordo com Cid, Braga Netto era um dos cabeças da tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. Além da delação, há toda a apuração feita pela Polícia Federal.
Reuniões aconteciam em sua residência e a ele são atribuídas as articulações para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Algo tão grave assim era para estar sendo falado e repetido o tempo todo, mas o JN não toca no assunto.
Neste ponto, o JN faz coro com o advogado de Braga Netto que acusa Cid de “mentiroso”, mas omite qual seria a mentira.
Quando Lula esteve preso, sem provas, por 580 dias, a única fala de seu advogado, Cristiano Zanin, que o JN permitia que fosse ao ar, era “vamos provar que ele é inocente”. Zanin nunca pode explicar os absurdos e armações de que Lula era vítima.
Já com o golpista Braga Netto, os microfones do JN estão totalmente disponíveis para qualquer coisa que seu advogado diga.
Haja manipulação!
É a Globo sendo Globo.
Imagem do post: charge do Aroeira