Por Washington Luiz Araújo, jornalista –
As suspeitas de que a polícia brasileira tem infiltrado agentes nas manifestações se consolidaram com a reportagem do El País (sim, jornal espanhol) e do site Ponte Jornalismo que informa que um capitão do Exército montou uma armadilha para que 21 jovens fossem presos, de forma arbitrária, no domingo, 4 de setembro, na capital paulista.
Faltam ainda mais provas sobre a ação de infiltrados da polícia de Alckmin. Indícios existem aos montes; nas manifestações há sempre os “exaltadinhos” que colocam fogo em sacos de lixo e nas mentes de alguns jovens de sangue quente.
Seria lógico, no entanto, que o caso do capitão do Exército Willian Botelho, codinome Balta Nunes, que insuflou a moçada pelo Facebook e até no site dos namoradores, o Tinder, fosse explicado pelo ministro golpista da Defesa, Raul Jungmann. Mas, no Brasil em que vivemos nada é tão lógico. Seria lógico também que a imprensa brasileira, depois de tomar uma tremenda bola nas costas do El País e do Ponte entrasse em campo e honrasse as cores dos ditos grandes.
Nada disso acontece. Justo a grande imprensa brasileira que tem relegado a último plano o chamado “furo” de reportagem, para reproduzir e referendar qualquer notícia “furada” (perdão pelo trocadilho) de seus concorrentes, desde de que seja algum “disse que disse” contra pessoas de esquerda. Jornalismo investigativo, sério, isento que é bom, nada.
Dando uma “gugada”, ou seja, procurando no Google, dois dias depois da denúncia do jornal El País, verifica-se que chamada grande imprensa pouco trouxe a respeito. Ninguém “repercutiu” a notícia, como se costuma (ou costumava) dizer na redação.
Estranho, não? Não, não é estranho, pois são todos golpistas e, neste momento, dane-se o jornalismo sério, investigativo. O que importa é contribuir para consolidar o golpe.
Ainda bem que os blogues progressistas e raras exceções como as revistas Brasileiros, Carta Capital e Piauí, além de veículos de origem estrangeira, como El País, BBC, Le Monde Diplomatique e Intercept, fazem jornalismo sério, independente, furando o bloqueio golpista. Mas que dá uma vergonha danada do jornalismo nacional, isso dá.