Por Carlos Eduardo Alves, jornalista
O jornalismo político está na UTI. Cuida do lateral, da intriga acessória, e deixa passar debaixo da perna o realmente importante. Não se trata câncer com esparadrapo.
Já faz algum tempo que, com cada vez menos exceções, o jornalismo político no Brasil tornou-se o reino do declaratório bobinho, do bastidor lateral e que ignora o retrato de um Brasil muito longe do Salão Verde do Congresso.
Você ouviu algum alerta quando o infeliz ministro Barroso teve a mais infeliz ainda ideia de chamar os militares para tumultuarem o TSE?
O resultado está aí. Páginas em branco na ocasião e bagunça agora. Lembrando que o acaso, ou alguma outra coisa, livrou-nos de uma desgraça maior: o rei Midas às avessas que atende por Barroso havia escolhido um general para tomar conta da chave da eleição.
Por sorte, o tal milico alegou problemas de saúde e caiu fora. Ouviu na GloboNews ou CNN algum comentário sobre a infeliz ideia de Barroso?
Durante todo o governo genocida, em compensação, você leu e ouviu bastante que “a maioria das Forças Armadas são legalistas” e que não embarcariam em aventura golpista. Quem defendeu isso ou é burro ou preguiçoso. Vou na alternativa B.
Alguma vez os senhores e senhoras que apenicaram seu ouvido com essa bobagem acreditaram que a turma fardada não é fascista? Ou jamais pensaram nos 6.500 cargos civis que os despreparados militares estão ocupando na administração federal?
O jornalismo político está na UTI. Cuida do lateral, da intriga acessória, e deixa passar debaixo da perna o realmente importante. Não se trata câncer com esparadrapo.