POLÍTICA
Por Washington Luiz de Araújo, jornalista.
Incrível como até mesmo os bons profissionais tornam-se medíocres quando se tornam parciais. Fui chamado à atenção pelo fato ao assistir por ofício um vídeo em que o jornalista Fernando Rodrigues entrevista o vice-candidato de Marina Silva ao governo federal, Beto Albuquerque.
Nele constata-se o quase geral “sim senhor”, “pois não senhor”, que tem marcado a maioria da chamada grande imprensa quando se trata de espezinhar o governo federal.
Na abertura da entrevista, Fernando Rodrigues alardeia a calma com que o candidato se refere aos adversários, mas àqueles para quem Beto Albuquerque acena com um possível namoro.
O jornalista esquece-se de dizer que o entrevistado utiliza-se de chavões do tipo “mudança”, mas que não apresenta nada de novo em sua fala.
O entrevistador mostra-se um mero levantador de questões para que o entrevistado responda da forma mais fácil e mais “marqueteira” possível.
Não se vê nenhuma observação mais aguda de Fernando Rodrigues. Nem, por exemplo, quando Beto Albuquerque afirma que os Correios contam com 100 cargos de livre escolha em seus quadros.
Numa breve consulta ao Google verifica-se que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos conta com 18 cargos de confiança dentre os seus 120 mil trabalhadores concursados.
Fernando Rodrigues não tinha obrigação de ter estes números em mente, mas poderia ter averiguado isso posteriormente nestes tempos modernos de Google e colocar um reparo na fala equivocada, para não dizer mentirosa, do candidato que se diz da “mudança”.
O que mudou, sim, foi o jornalismo da chamada velha mídia. Jornalismo que não vacila em concordar com seus “cúmplices” de oposição, esquecendo-se de fazer um jornalismo digno, ético, profissional.
