Compartilhado de CCN Notícias –
Passado alguns dias do falecimento e da comoção pela morte do jovem prefeito da cidade de São Paulo, Bruno Covas, decidi escrever algo sobe seu legado. Em que pese o fato do episódio recente em países cristãos como o nosso, a religiosidade, às vezes, se sobreponha a uma análise mais crítica, já digo logo que, infelizmente, com todo respeito, não consigo ver nada de positivo.
Faço um paralelo com o seu avô, Mario Covas, também acometido pelo câncer: ambos mandaram bater em professores. Um deles, utilizou todo o aparato repressor da Polícia Militar, durante ato na Av. Paulista, em 2000, quando os professores em greve. O outo, o neto, mandou a Guarda Civil Metropolitana, em 2019, ocupar a Câmara Municipal (a Casa do povo) e bater em professor que protestava contra a criação do Sampaprev (São Paulo Previdência); um trambolho que aumentou os descontos para a aposentadoria de todos os funcionários da Prefeitura (foto da capa).
O mais lamentável desse triste episódio foi que o prefeito, não contente, zombou dos feridos, dando risadas e mandando beijinhos debochados às dezenas de professores machucados pela ação dos cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo.
Seu avô, Mário Covas, tinha como secretária estadual de Educação, Rose Neubauer, que demitiu mais de 40 mil professores, ao diminuir a grade curricular e reestruturar a rede, separando alunos da Educação Básica (Ciclo I em uma escola, e Ciclo II e Ensino Médio em outra unidade). Já o prefeito, Bruno, convidou a mesma Rose Neubauer para assumir a presidência do Conselho Municipal de Educação para implementar suas nefastas reformas.
O avô Covas iniciou a política de enxugamento da rede estadual com a diminuição de concursos e terceirização da limpeza e cozinhas das escolas. O neto Bruno seguiu o mesmo caminho com cortes de pessoal de limpeza e cozinha. Algumas unidades tiveram seus quadros de funcionários diminuídos em mais de 50% do pessoal de apoio, em plena pandemia do Covid-19. Tem escolas com mais de 30 salas de aulas com apenas 2 merendeiras e 3 auxiliares de limpeza.
O netinho Covas ainda desestruturou a rede municipal de Educação: a) extinguiu a vigilância terceirizada nas unidades escolares, o que permitiu o aumento dos furtos e vandalismos; b) diminuiu os concursos públicos em plena pandemia e enviou o PL 452/20, facilmente aprovado (Lei 17.437/20) que aumenta de 5% para 20% o número de professores precários na rede e ainda permitiu que os contratos pudessem exceder o tempo máximo de 12 meses.
Ainda na mesma legislação, o netinho querido de Mário Covas, modificou a Lei que permitia as escolas entregarem diretamente aos alunos os Kits de uniforme e material escolares, para aplicar um tal de “Cartão Auxílio Uniforme Escolar e Material Escolar”, que vem causando prejuízos incalculáveis aos nossos educandos. Imaginem que, já estamos no meio do ano e milhares de alunos nem sequer receberam um lápis ou um par de meias. Antes, estes itens eram entregues no início do ano letivo para a grande maioria das escolas. E isso, justamente quando mais nossas crianças precisavam, devido a pandemia. Até hoje não se sabe ao certo o que foi feito com os milhões de reais do erário público gastos destinados com esses kits.
Bruninho, em plena pandemia, realizou uma política cruel. Entregou “cartões merenda” somente a uma parte dos educandos e com valores insignificantes, que variam de R$ 55 até R$ 110. Mesmo assim, a grande maioria não foi contemplada com o programa de alimentação escolar. Ou seja, retirou comida da boca de crianças.
Mas, o prefeito Bruno Covas, superou-se ao, em plena pandemia, colocar pedras debaixo dos viadutos para impedir que moradores de rua (milhares) pudessem se proteger das intempéries climáticas. Quer mais maldade do Bruninho? Pois bem, o neto de Mário Covas também, em plena pandemia, retirou a gratuidade dos idosos ao transporte público.
Enfim, o legado de Bruno Covas é de uma pessoa insensível com questões sociais. Mas, mesmo assim, como cristão, desejo que ele encontre o caminho da luz rumo ao mundo espiritual.
*Roselei Julio Duarte é Professor de História e Diretor de Escola.