O ministério e a realidade como medida das coisas

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2 de outubro de 2022: o PT, demais partidos de esquerda e aliados do campo progressista elegem 308 deputados federais e 49 senadores, bancadas que não só garantem com folga a governabilidade, como permitem a aprovação de emendas constitucionais. E melhor: sem precisar fazer concessões programáticas.

Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog




Foto: Ricardo Stuckert

Pano rápido. Era só um sonho. Na vida como ela é, a eleição deste ano tornou a  composição do Congresso Nacional ainda mais conservadora e reacionária. Deputados e senadores com compromissos populares são franca minoria. Explicações de ordem política e sociológica à parte, o fato é que a mesma população que elegeu Lula fortaleceu a direita no parlamento.

Aí entra a dificílima tarefa de Lula e seus articuladores de compor a equipe ministerial. As complexas tratativas são tensionadas pela necessidade imperiosa de se garantir as condições de governabilidade, pois sem elas o governo não consegue aprovar um simples projeto de lei e está sujeito a crises políticas permanentes, que, no limite, podem pôr em risco sua própria sobrevivência. A história recente do país dispensa comentários sobre esse risco.

E nesta conta, infelizmente, nem sempre é possível fazer justiça a aliados de primeira hora, uma vez que o tamanho das bancadas acaba sendo um elemento importante a ser considerado. Isso quer dizer que o MDB, PSD e União Brasil votarão sempre fechados com o governo, depois de serem contemplados com três ministérios cada? Claro que não. Nesses partidos existem inclusive alas antipetistas e bolsonaristas. Mas muito pior, porém, seria deixá-los de fora do governo.

Outro critério inegociável a permear a escalação do novo time de ministros e ministras foi o da diversidade de gênero, raça , além de aspectos regionais e da necessidade de a equipe espelhar o máximo possível a frente ampla que elegeu Lula. Ou seja, o quebra-cabeças fica ainda mais intrincado.

Abre parênteses: a imprensa, depois do primeiro anúncio de uma pequena leva de ministros, dedicou espaços generosos à crítica precipitada da “falta de mulheres no governo.” No entanto, como é do seu feitio, uma vez concluído o ministério com o número recorde de 11 mulheres, a mídia comercial se calou.

No geral, as  escolhas para o ministério de um governo de coalizão, vale sublinhar,  foram  excelentes. Lula inclusive tomou o cuidado de formar um núcleo duro petista de sua confiança no Planalto.

Cabe agora ao PT e às forças políticas comprometidas com o projeto de reconstrução do Brasil o investimento político na organização do povo, para pressionar pelos avanços, garantir as conquistas e evitar retrocessos.

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