O momento é sombrio, mesmo assim temos que enaltecer o Trabalhador

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Bem Blogado

É uma data histórica, de lembrança de lutas e reconhecimento de força. O 1° de Maio é, porém, também a festa da classe trabalhadora. Através dos anos, comemoramos ali a trajetória linda das batalhas por emancipação e justiça social. No maldito 2020, da tragédia imposta pelo Covid-19, vivemos uma data diferente. A angústia marca o presente e dúvidas cercam o futuro.




Que mundo sairá do fim da pandemia, se é que sairemos completamente dela no curto prazo? Muito se especula, de picaretas a estudiosos sérios. Na verdade, o mundo do trabalho já vivia mudanças imensas nas últimas décadas.

Embora persista o clássico capital x trabalho, as relações mudaram com o avanço tecnológico, que trouxe ao lado das inovações novas formas de exploração do ser humano.

A precarização como resultante, por exemplo, levou ao esvaziamento político e econômico dos sindicatos, à diluição das reivindicações coletivas em nome dos pleitos e negociações individuais. É ruim, mas é fato.

A pandemia pegou a classe trabalhadora em seu pior momento no Brasil, vítima de uma política econômica genocida comandada pelo ultraliberal Paulo Guedes.

Pode haver um dado mais aterrador do que se revelar que o País tem 40 milhões de adultos necessitados que eram “invisíveis” mesmo ao cadastro dos programas assistenciais? Gente fora do sistema bancário, que labuta diariamente pelo almoço apenas?

Como uma Nação civilizada expõe seus filhos a filas e aglomerações gigantescas, em meio à espiral da pandemia, em busca de salvadores 600 reais?

Os compatriotas “invisíveis” agora enfim “descobertos” por burocratas insensíveis são os mesmos que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) tão sucateado pelos governos de direita. O SUS, aquele que foi ferido quase de morte com a PEC do teto de gastos, tão festejada por mercado e seus jornalistas acocorados.

Olhando para a frente, haverá uma batalha imensa (já está ocorrendo, aliás),  para ver quem e como se pagará a conta da inevitável depressão pós-Covid-19.

Guedes, em seu furor antipovo, já anuncia que persistirá na delirante agenda de “reformas” e na venda de patrimônio público a preço de banana.

Quem, fora os enfermos ideológicos da extrema-direita, acredita que haverá algum investidor estrangeiro disposto a investir no Brasil instável comandado por um presidente da República que é inspirador de chacota no mundo civilizado? Ou a ideia é entregar tudo por dois cachos de banana?

O embate será difícil e incerto. Do lado dos malucos da extrema-direita não haverá, sem a inflexão da política econômica, muita disponibilidade para comprar temporariamente o silêncio dos “invisíveis”, que de resto já foram avisados que o auxílio emergencial termina em três meses.

A Economia do mundo entrará em colapso. Alguns países, é é verdade e como sempre, sairão do inferno mais cedo. Não será nosso caso, infelizmente. Não temos colchão social para amortecer o que vem por aí. E é que voltamos ao 1° de Maio.

Por mais difícil que seja a situação dos trabalhadores, a data torna-se ainda mais relevante. Os desafios serão novos e não há solução milagrosa fora, por um lado, da Ciência, e, por outro, da luta. Não há mudança que justifique a renúncia ao combate por uma sociedade mais justa.

Quando os corvos como Bolsonaro, Guedes e elite saqueadora preparam o bico sujo para atacar os trabalhadores, mais relevante ainda é a obrigação de reverenciar e honrar aqueles que, na História da Humanidade, deram suas vidas no embate. Por eles e pelo presente e futuro, Viva o Dia Dos Trabalhadores!

Foto: Roberto Parizzotti

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