O momento que Moraes dá “xeque-mate” e Bolsonaro confessa tentativa de golpe

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Ex-presidente chegou a fazer graça e pediu desculpas a Moraes, mas não conseguiu negar seu envolvimento na trama golpista diante das perguntas do ministro

Por Ivan Longo, compartilhado de Fórum




foto: Alexandre de Moraes dá xeque-mate em Jair Bolsonaro.Créditos: Antonio Augusto/STF

Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), no âmbito da ação penal em que é réu por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro até tentou negar que tenha tentado uma ruptura democrática, mas admitiu a articulação de diferentes dispositivos que confirmam sua liderança na trama golpista

Em dado momento do interrogatório, Bolsonaro não conseguiu escapar de um “xeque-mate” de Moraes e acabou confessando que articulou a utilização de dispositivos supostamente constitucionais para aplicar um golpe de Estado.

O ministro questionou se ele pretendia decretar estado de sítio ou de defesa diante da impossibilidade de utilizar recursos eleitorais contra o resultado da eleição na qual foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por desatenção, lapso ou remorso, o ex-presidente confirmou que sim. 

“O senhor está dizendo que a cogitação, a conversa, o início da cogitação deste estado de sítio ou de defesa teria sido em virtude da impossibilidade de recurso eleitoral, é isso?”, questionou Moraes.

“Sim, senhor”, respondeu Bolsonaro. 

Em outras palavras, Moraes perguntou se Bolsonaro planejou um golpe por não ter como questionar juridicamente o resultado das eleições, ao que o ex-presidente respondeu que sim. 

Assista ao trecho: 

https://x.com/RomuloBDias/status/1932595569408569572?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1932595569408569572%7Ctwgr%5Ef341ab8761ce11a03fee6f418af5788b5425202f%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fd-16231173774293611181.ampproject.net%2F2505300108000%2Fframe.html

Faixa presidencial 

No transcorrer de um dos questionamentos feitos pelo ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do processo, Jair Bolsonaro resolveu contar por qual razão não foi à cerimônia de posse do presidente Lula  para passar a ele a faixa presidencial. Ele já começou dizendo “eu sei que o senhor vai perguntar”, embora tenha ouvido de “Xandão” que ele não perguntaria tal coisa.

Na sequência, o líder da extrema direita brasileira colocou-se numa posição totalmente humilhante e, com uma tese vexatória e infantil, relatou que não daria de maneira alguma a faixa ao petista por temer uma situação para ele inaceitável. “Eu não ia me submeter a maior vaia da história do Brasil”.

Desculpas a Moraes 

Como era de se esperar, Jair Bolsonaro fez de seu depoimento um palanque para defender a sua gestão, criticar o governo do ex-presidente Lula e também defender suas teses sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Mas, se parte do depoimento de Jair Bolsonaro foi a reprodução de sua timeline das redes sociais, um momento chocou a internet e virou chacota logo em seguida.

Ao reproduzir uma série de frases do ex-presidente que atacavam o sistema eleitoral e os ministros do STF, Alexandre de Moraes destacou uma onde Bolsonaro afirmava que os magistrados recebiam milhões. Emparedado, Bolsonaro afirmou não ter provas sobre tal acusação e pediu desculpas a Moraes.

Confira o raro momento no vídeo abaixo:

https://x.com/HaftasArden/status/1932496090953064687?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1932496090953064687%7Ctwgr%5Ea1ebc0d483b08237eaaf6b6404b358891dd23e3a%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fd-16231173774293611181.ampproject.net%2F2505300108000%2Fframe.html

Bolsonaro faz palanque no STF com depoimento político, confuso e desconexo

Jair Bolsonaro, irritado com a decisão do ministro Alexandre de Moraes de não permitir que ele utilizasse uma série de vídeos durante sua oitiva na Primeira Turma do STF, abriu seu interrogatório na tarde desta terça-feira (10) com um discurso confuso e desconexo, mantendo claramente um tom beligerante e notoriamente político.

Já nas perguntas sobre sua identificação, o ex-presidente se negou a dizer onde mora “por ser pessoa pública e por razões de segurança”. No primeiro questionamento em relação ao processo, aproveitou seu direito de falar para elencar uma fantasiosa sequência de benfeitorias de seu mandato, citando “água para o Nordeste”, “fim da corrupção”, “montagem de um ministério técnico”, entre outros “exemplos”, embora seu governo tenha ficado conhecido pela inação administrativa, ações extremistas e negacionistas, integrantes completamente inaptos para os cargos ocupados e inúmeros escândalos de ilegalidade.

Moraes, aparentemente, não comprou a estratégia do réu. Ainda que pudesse interrompê-lo por estar falando sobre coisas sem nenhuma relação com a acusação que pesa contra ele, o ministro deixou o líder extremista à vontade para reverberar suas chorumelas. Durante todo o depoimento, Bolsonaro seguiu falando de “esquerda” e utilizando nomes como o de Flávio Dino, Lula, Dilma Rousseff e outras personalidades políticas e públicas que ele identifica como “comunistas” em suas manifestações direcionadas à bolha sectária da extrema direita.

Nas questões subsequentes, o ex-presidente ainda insistiu na tese amalucada de fraude eleitoral e seguiu citando adversários políticos em tom pejorativo, ainda que essas pessoas não tenham qualquer conexão com a ação penal em julgamento.

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