Todos querem ver seus candidatos eleitos e para que ele alcance este objetivo é preciso armar as estratégias de vitória
Por Simão Zygband, compartilhado de Construir Resistência
A política é como o futebol. Todo mundo tem um palpite para formação do time, ainda mais se for a seleção brasileira. E na eleição não é muito diferente. Todos querem ver seus candidatos eleitos e para que ele alcance este objetivo é preciso armar as estratégias de vitória, decidir maneiras de derrotar o adversário, que às vezes se torna inimigo. Cada um tem uma fórmula milagrosa. O difícil é definir qual caminho seguir, decisões acertadas ou equivocadas, que podem determinar a vitória ou a derrota.
Por isso, também, não poderia deixar de dar os meus pitaques, os meus palpites. Ricardo Nules ter passado para o segundo turno ao invés do franco atirador Lamarçal é ponto para ele. Tem a máquina municipal na mão e padrinhos como Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro. Nada desprezíveis, com grande poder de fogo e com chances reais de vitória. Ainda mais numa cidade conservadora como São Paulo que apenas em três oportunidades, teve grandes prefeitos de esquerda: Luiza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad.
Do outro lado tem Guilherme Boulos (50), apoiado pelo presidente Lula, também, evidente, com outra máquina nas mãos, a federal. Briga de cachorros grandes que é uma importante prévia das eleições presidenciais de 2026.
Ganhar São Paulo, uma caixa de ressonância nacional, é fundamental para as aspirações de qualquer um dos lados, novamente polarizados entre o lulismo e o bolsonarismo. Já foi contra o malufismo e os tucanos. Os adversários de Boulos representam a união do atraso, o que há de pior de uma direita corrupta que juntou a banda podre do PSDB com o fascismo bolsonarista, tendo ainda um resquício do quercismo e de todo o seu oportunismo político.
Atrás de Ricardo Nules há o grupo do golpista Michel Temer, traidor da democracia brasileira e escada para a vitória asquerosa de Bolsonaro. Na cidade, o prefeito é representante de Milton Leite, poderoso vereador, decano da Câmara Municipal, e credor da entrada do crime organizado no sistema de ônibus paulistano, conforme denunciado no Ministério Público de São Paulo.
Diante da denúncias, desistiu de tentar a reeleição. Milton Leite é o mais autêntico padrinho de Nules no MDB e seu fiador junto a João Doria, o construtor da aliança PSDB/MDB de Bruno Covas, que trouxe a reboque o inexpressivo vice. Haja gente ruim tudo junto e misturado.
Teremos, portanto, um embate forte, uma disputa de narrativas, que se darão em várias frentes: no horário eleitoral de rádio e TV, nos debates realizados pelos pools entre Boulos e o seu oponente, nas manifestações de rua, na panfletagem etc.
Mas tem uma das frentes que precisam ser tomadas nas mãos da militância, sem clima derrotista e choramingos: o disparo de materiais de Boulos nas redes sociais.
A esquerda costuma ir muito mal neste quesito: ainda não conseguiu construir redes tão efetivas como os nossos inimigos/adversários para atingir outros públicos que não a sua própria “bolha”, a sua militância.
Precisa ter os mailings de todo mundo, com todos os perfis. Se virem para conseguir. Arme uma equipe que só faça isso na campanha, especializada em disparar mensagens com o discurso (material, vídeo) para determinada região, bairro, comunidade, religião. faixa etária, faixa por renda etc. Falta esta logística de operação nas redes.
Possivelmente os mailings existem disponíveis no mercado, totalmente segmentado. Precisa pagar por isso, pelas informações, pela diversidade dele em termos físicos, geográficos, financeiros etc.
Enquanto a coordenação não se convencer que isso é fundamental nas eleições de hoje, teremos que dar nossa contribuição militante e solidária, disparando para os nossos mailings pessoais, para que a narrativa de Boulos, Marta e Lula chegue cada vez mais em mais gente.
Façamos a nossa parte!
Simão Zygband é jornalista, editor do site Construir Resistência com passagens por jornais e TVs de São Paulo. Produziu campanhas eleitorais, algumas vitoriosas.