O Moro, o queridinho da mídia hegemônica

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Bem Blogado

A campanha já está sendo suja e se emporcará mais no começo de 2022. Após a definição no ringue do atraso entre Bolsonaro e Moro, a artilharia será toda direcionada ao petista. E, não devemos nos iludir, a turma medieval vai se unir no segundo turno contra Lula.




Em nenhuma outra eleição presidencial, pelo menos desde a redemocratização, a mídia hegemônica tentou, em período tão longe ainda do pleito, viabilizar uma candidatura como está fazendo agora com Sérgio Moro.

Desde que o ex-juiz parcial anunciou que tentaria concorrer em 2022, há três semanas aproximadamente, o noticiário simpático, abundante e acrítico está a serviço do novo queridinho da imprensa. As Organizações Globo, principalmente, vestiram desavergonhadamente a camisa de Moro.

A cobertura do canal de notícias do império, a GloboNews, por exemplo, não pode ser classificada como escândalo para não se cometer uma injustiça com a palavra. Vai algo além do escândalo.

Vai dar certo? Por enquanto, é palpite e a resposta mais racional é não. Os barões da imprensa não querem Lula, acima de tudo, e, lateralmente, não gostam também de Bolsonaro.

Em eventual segundo turno entre o ex-presidente da República e o genocida, tapam o nariz e vão de PL (partido que Bolsonaro se filiou recentemente).  Mas é fato que enxergam em Moro o mundo ideal, com bolsonarismo na política econômica excludente para os pobres e alguma civilidade, muito mínima, nas outras questões.

Isso explica a última tentativa de encontrar alguém na direita para desbancar Bolsonaro do segundo turno, já que a alternativa João Doria é natimorta por falta de votos.

Existe, porém, um grande entrave para a aventura do juiz ignorante. No embate com Bolsonaro, um conta com base popular e o outro fala quase nada aos mais pobres.

Gostemos ou não, e não gostamos, o genocida tem apoio de uma expressiva parcela da população. Seus índices de aval nas pesquisas estão mantidos, até agora, em sólidos 25%, o que muito provavelmente deve ser suficiente para alçá-lo ao segundo turno.

Ainda é impossível a aferição, mas o bom senso indica que, apesar de insuficiente e deficiente, o auxílio que substituirá o inigualável Bolsa Família tem algum apelo suficiente para render alguns poucos pontinhos à popularidade do genocida.

Moro vai brigar na extrema-direita e direita com o discurso hipócrita da luta contra a corrupção. A retórica tem guarida em nichos das classes alta e média, mas não está entre as preocupações da grande maioria da população e do eleitorado, os pobres e miseráveis.

É assustador o panorama social do Brasil gerado por Bolsonaro e Paulo Guedes, o mentor da política econômica de higienismo social, que espalha fome para os brasileiros.

Lula tem o passado recente que o autoriza a falar como ninguém sobre o combate à miséria. Já provou, com vida real e números, que é capaz de diminuir a desigualdade desumana que enevoa o Brasil. É imbatível no quesito.

Quem lê com atenção o desmembramento das pesquisas eleitorais vê que a força do ex-presidente vem principalmente dos mais pobres, que viveram em seus governos a experiência única de acessos à cidadania proporcionados por políticas públicas e prioridades a quem depende do Estado para alcançar um mínimo de dignidade no Brasil historicamente injusto com seus filhos pobres.

A campanha já está sendo suja e se emporcará mais no começo de 2022. Após a definição no ringue do atraso entre Bolsonaro e Moro, a artilharia será toda direcionada ao petista. E, não devemos nos iludir, a turma medieval vai se unir no segundo turno contra Lula.

A vacina contra o bombardeio é investir cada vez no que aflige a maioria dos brasileiros, fome e falta de emprego. Discursos hipócritas contra a corrupção, no caso de Moro, e delírios ideológicos primários como os do genocida não falam ao povo como a necessidade urgente de interromper a barbárie social patrocinada pela elite econômica perversa e seus porta-vozes na mídia.

Foco e trabalho para enterrar o pesadelo fascista na lata de lixo da História.

Imagem do canal do Youtube do Filósofo Paulo Ghiraldelli 

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