O MPF, entre o clamor da turba e o respeito do mundo jurídico

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Publicado no Jornal GGN –

Sorteada para analisar a representação contra Lula – por suposta influência no BNDES para conseguir financiamentos para a Odebrecht para obras na África – a procuradora da República Mirella Aguiar informa que não existe nenhuma prova concreta, apenas uma notícia em O Globo. E equiparou notícias de jornais a denúncias anônimas.




Então porque a representação foi aceita? Não há um filtro sequer no MPF para impedir essas armações?

É hora de parar com esse jogo.

No ano de 2.000 dois procuradores do Ministério Público Federal procuraram o Correio Braziliense e passaram informações contra uma colega. Virou reportagem. Com base na reportagem publicada, ambos entraram com uma representação contra ela.

Procuradores do Distrito Federal e o Ministro Joaquim Barbosa, do STF (Supremo Tribunal Federal) apelaram a uma denúncia anônima sobre supostas conversas de Dirceu pelo celular, em Papuda, para montarem uma varredura que pegou o próprio Palácio do Planalto. Como elegeram que a denúncia era anônima, não tiveram necessidade de provar que ela existiu. Há elementos de sobra para supor que a denúncia foi inventada. Ou seja, que um Ministro do STF e o Ministério Público montaram uma farsa.

Com base nesse histórico, há elementos para se acreditar que essa tabelinha Globo-MPF foi armada. Ou não?

Esse tipo de esperteza processual não pode mais prosperar. É veneno na veia na imagem do Ministério Público. O objetivo final desse tipo de jogada não são condenações pela Justiça, mas expor o alvo à mídia. E o MPF está pronto a convalidar qualquer factoide contra um dos lados.

Durante dias essa tolice do lobby africano, que nem verossímil é, foi capa de revistas irresponsáveis, repercutida por todos os meios de comunicação. E julgam que essa mancha fica apagada com a declaração cândida de uma procuradora, de que notícia de jornal equivale a uma denúncia anônima? E como explicar que uma mera reportagem em O Globo tenha mais peso que livros coalhados de provas contra José Serra e outros, escritos por jornalistas consagrados?

O MPF tem dois públicos a atingir: a malta dos linchadores, para quem qualquer tolice vale; e o universo jurídico e das pessoas bem informadas. O que pretende o Procurador Geral da República Rodrigo Janot: ser aclamado em praça pública pelos Lobões da vida ou ter o respeito do mundo jurídico e intelectual?

É questão de escolha.

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