O mundo de um arquiteto e urbanista sobre as quatro rodas de um Uber

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A partir de hoje, 15 de outubro, o Bem Blogado publicará todas as sextas-feiras histórias vividas pelo “Arquiteto & UBERnista”, Sérgio AR Pereira.

O arquiteto urbanista que, entre 2017 e 2019, trabalhou como motorista de aplicativo, conta em livro como foi este trabalho para o qual foi levado devido a crise que embarcou em nossas vidas desde o golpe de 2016. 

Vamos publicar as impressões de Sérgio AR Pereira, em capítulos aqui no Bem Blogado. 

“Entre e prepare-se para uma viagem tranquila e confortável, conduzida por um arquiteto e urbanista que diante da escassez de trabalhos na sua área se tornou motorista de aplicativo. Ou Ubernista, como se autointitulou, com bom humor.

Sérgio sempre gostou de escrever e, desse jogo de palavras, da brincadeira com sua profissão, surgiu a ideia deste livro.




Veja  as muitas histórias que ele presenciou, os tipos de pessoas e de atitudes que observou, as falhas que cometeu, a frustração de ver uma cliente perder a hora de um compromisso, devido às más condições do trânsito, entre muitas situações tensas, divertidas ou inusitadas.

Para ele, “trabalhar como Uber é como morar em um satélite e de lá de cima avistar de maneira mais ampla tudo o que ocorre a nossa volta”

O primeiro dia como motorista de UBER

Por Sérgio AR Pereira

“Quando acionei meu aplicativo de “Uber Driver” pela primeira vez estava em casa, sentado no sofá, observando a tela, buscando informações, quando um cliente me acionou e o celular disparou o som característico dessa ação.

Pensei: vou recusar a chamada, pois estava no oitavo andar do edifício onde morava e o carro na garagem, no primeiro subsolo. Mas, resolvi fazer o contrário e decidi atender ao chamado, saindo pela porta correndo, chamando o elevador, descendo todos os andares. O elevador parou no térreo e ninguém o esperava. Cheguei ao carro, liguei e saí.

A cliente esperou, provavelmente sem nem imaginar o que estava ocorrendo: que eu estava no sofá de casa e ela sendo minha primeira experiência no ramo.

Gosto de conversar, porém respeito os limites que as pessoas expõem. Essa pessoa respondeu ao meu bom-dia, acomodou-se no banco traseiro e não demonstrou vontade de conversar. Estava ocupada ao celular. Sua corrida foi de dez minutos no máximo e logo desceu do carro sem saber da sua importância para mim, naquele momento.

Foi nessa primeira viagem que adotei como postura tratar todos os meus futuros clientes com o mesmo grau de importância. Como se fossem o primeiro. O que se mostrou como uma opção correta, ainda mais ao perceber, com o tempo, que cada experiência é única, seja de alegria, de estresse, de conversas agradáveis, de reclamações, de atrasados sem pressa ou de adiantados com muita pressa e afobação.

A percepção que tive de que eu seria o único, naquela relação, que nunca mudaria, mostrou-se errada. De fato serei sempre o mesmo a receber meus clientes, e ainda que não precise ser diferente para todos que adentram o carro, percebi que cada um que por ali passou me transformou um pouco. Com sua conversa ou com sua presençaapenas. Basta deixar o resultado aparecer.

Respeitar o silêncio das pessoas é um grande aprendizado, o qual prezo por praticar há algum tempo em minha vida. Em meu período como Uber tentei aperfeiçoá-lo em todos os dias que saí para dirigir.

Ao mesmo tempo estive disponível para a conversa que o cliente necessitasse e para o que ele quisesse comentar. Em suma, a ideia era respeitar o outro em qualquer circunstância e, claro, obtendo deste o respeito mútuo.

Presenciei preconceitos, autoritarismos, medos, dores, mágoas, soberba, ciúmes, rancores, ódios, amores, preguiça, religiosidades, carnavais, festas, iras, fofocas, avareza, desejos, inveja, gula, todos os pecados capitais e outros possíveis, bem como paz, engajamento, ativismo, felicidades múltiplas, estilos, homoafetividades e tantas experiências incríveis, as quais procurei aproveitar para me engrandecer como prestador de serviços (não sabia por quanto tempo), como comunicador no sentido de ser leve e útil para meus passageiros e como ser humano que presta atenção nas pessoas e suas necessidades para ajudá-las e depois aplicar tais experiências na vida prática e em outras situações.

 

 Sobre o autor 

Sérgio A. R. Pereira é Arquiteto e Urbanista desde 1982. Antes disso já escrevia poesias, contos e causos.

Como arquiteto atuou em órgãos públicos e em multinacionais em experiências socializantes e capitalizantes, sempre mantendo o bom humor e suas convicções por onde passou.

Fez cursos como aluno especial de mestrado na USP, extensão em gerenciamento na FGV, MBA em Marketing de Serviços na ESPM, curso de Educação Ambiental no Instituto 5 Elementos e por fim Mestrado em Arquitetura e Urbanismo na FAU Mackenzie.

Superou todas as crises econômicas do país e na pior delas, a de 2017, foi experimentar a vivência UBERnista, meio ressabiado e cheio de lembranças de sua trajetória passada, entre projetos e obras.

Sem perder o bom humor teve a ideia de escrever esse livro que ora se apresenta pleno de esperanças e de compartilhamentos desse momento tão rico de aprendizados múltiplos.

Para adquirir o livro “Arquiteto & UBERnista”

Fazer contato pelo WhatsApp – (11) 93715 5328

Valor do livro R$ 40,00

Valor do envio R$ 10,00 (para todo o território nacional)

Valor total          R$ 50,00

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