O neoliberalismo aduba a fome na terra onde se plantando tudo dá

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Nada a comemorar no aniversário de 469 anos de São Paulo

Por Adriana do Amaral, compartilhado de seu Blog




No poder executivo, prefeito e governador defendem a política higienista, própria dos governos voltados ao centro e direita políticas, onde o capital vale mais do que a vida da pessoa humana. O legislativo, tanto municipal quanto estadual, tende às pautas conservadoras e os interesses do mercado financeiro. O eleitorado paulista está dividido numa polarização que se estande há seis anos, e não se vislumbra um ponto de conciliação.

O caos social, decorrente da política excludente, se reflete nas ruas da cidade. Cerca de 50 mil pessoas vivem nas calçadas, embaixo dos viadutos, em qualquer canto onde se consiga encostar. Contagem realizada em 2022 e que não soma aqueles protegidos por um teto improvisado, de madeira, lona ou papelão.

Nos dias que precederam ao aniversário da capital financeira brasileira, 25 de janeiro, o prefeito determinou a retirada dos pertences das pessoas em situação de rua. Cobertores, sacolas e até os animais, que garantem o pouco de empatia de parte da população. Muita gente doa ração, mas não alimento.

Na região conhecida como “cracolândia”, no centro da cidade e aonde há a concentração de pessoas em condições de dependência química, egressos do sistema carcerário e em vulnerabilidade extrema, os confrontos com a política se intensificaram. Muitos migraram para os bairros, outros vagam sem rumo.

No início de 2023 foi regulamentada em território nacional a Lei 14.489. Ela proíbe a arquitetura hostil, aqueles obstáculos que não permitam o descanso  e tornaram-se prática nas vias públicas. A lei foi batizada em nome do Padre Júlio Lancellotti, o religioso defensor dos “pequenos, dos fracos e dos oprimidos”, que personifica um exército de um homem só.

Na rua a diversidade brasileira

A fome resulta tanto da falta de emprego quanto do abandono social, que gera a pobreza extrema. Na metrópole, as poucas iniciativas de políticas públicas da época do isolamento social, decorrente da pandemia da Covid-19, foram extintas. Falta alimentação, água potável, albergues, banheiros públicos. O lixo é provedor.

O Povo da Rua reflete a população brasileira: pessoas com perfis, etnias, identidades de gênero, profissões e visões políticas distintas, vítimas da violência doméstica, famílias com crianças. São mais de 190 mil brasileiros vivendo em situação de rua e uma a cada quatro famílias vive em condições de insegurança alimentar. São 33 milhões de vidas em risco, se não de morte, de ter o seu desenvolvimento físico, intelectual e social comprometido.

Nesse cenário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o seu terceiro mandato com o desafio de saciar a fome do brasileiro e tentar tirar o país do Mapa da Fome, mais uma vez. Não será uma tarefa fácil.

Na terra abençoada por Deus  com o abandono é latente. Não é apenas do povos originários. É a insustentabilidade do viver.

Foto: GazetaViews


El neoliberalismo fertiliza el hambre en la tierra donde todo se siembra
 

Nada a celebrar en el 469 aniversario de la cuidad de São Paulo

En el Poder Ejecutivo, el alcalde y el governador defienden la política higienista, propia de gobiernos enfocados en el centro y políticas de derecha, donde el capital vale mais que la vida de la persona humana. La legislatura, tanto municipal como estatal, tiende hacia agendas conservadoras y lós intereses del mercado financiero. El electorado de São Paulo está dividido em una polarización que dura seis años y no se vislumbra ningún punto conciliador. 

El caos social, producto de la política de exclusión, se refleja en las calles de la ciudad. Cerca de 50 mil personas viven en las aceras, debajo de lós viaductos, en cualquier rincón donde les pueda tocar. Recuento realizado en 2022 y que no incluye a los protegidos por un techo improvisado de madera, lona o cartón.

En los dias prévios al aniversario de la capital financiera brasileña, el 25 de enero, el alcalde ordenó el retino de las pertenencias de las personas sin hogar. Mantas, bolsos y hasta sus animales, que avalan la poca empatia de parte da la población. Mucha gente dona comida para los animales, pero no comida para las gentes.

En la región conocida como “Cracolândia”, en el centro da la ciudad y donde se concentran personas en condiciones de dependencia química, egresadas del sistema prisional y en extrema vulnerabilidad, se intensificaron los enfrentamientos con la policía. Muchos emigraron a los barrios, otros deambulan sin rumbo.

A princípios de 2023 se regulamento en território nacional la Ley 14.489. Que prohíbe la arquitectura hostil, aquellos obstáculos que no permiten el desanso y se han vuelto prácticos em la via pública. La ley lleva el nombre del padre Júlio Lancellotti, el religioso defensor de “los desfavorecidos, los fragiles y los oprimidos”, quien personifica un ejército de um solo hombre.

Diversidade brasileña em las calles

El hambre resulta tanto de la falta de empleo como del abandono social, lo que genera pobreza extrema. En la Metropolis se extinguieron las pocas iniciativas de política pública desde la época del aislamiento social, producto de la pandemia de la Covid-19. Falta de alimentos, água potable, albergues, baños públicos. La basura  es proveedor.

El pueblo de la calle refleja la población brasileña: personas con diferentes perfiles, etnias, identidades de gênero, profesiones y opiniones políticas, víctimas de violência doméstica, famílias con niños. Hay más de 190.000 brasileños viviendo en las calles y una de cada cuatro famílias vive en condiciones de inseguridad alimentaria. Hay 33 millones de vidas en riesgo, si no de muerte, de ver comprometido su desarrollo físico, intelectual y social.

En ese escenario, el presidente Luiz Inácio Lula da Silva asumió su tercer mandato con el desafio de saciar el hambre de los brasileños y tratar de sacar el país del Mapa del Hambre, una vez más. No será una tarea fácil.

En la tierra bendecida por Dios está latiente el abandono. No son solo pueblos indígenas. El la insostenibilidad de vivir.

*traducción: Clara Eugenia San Martins


Dans la terre où l’on sème n’importe quoi, le néolibéralisme fait le lit de la faim
Rien à célébrer pour le 469e anniversaire de São PauloÀ São Paulo, le pouvoir exécutif (le maire et le gouverneur) défendent une politique hygiéniste, propre aux gouvernements inscrits au centre et à droite, selon laquelle le capital compte plus que la vie de la personne humaine. La législature municipale et de l’État de São Paulo supportent un agenda conservateur et les intérêts du marché financier. Entre eux, les électeurs de São Paulo vivent dans un clivage destiné à durer pour six ans, car on n’entrevoit pas de points d’entente.Le chaos social, qui est un produit de la politique d’exclusion, se répand dans les rues de la ville. Près de 50 000 personnes vivent sur les trottoirs, sous les ponts, dans la rue et là où ils le peuvent. Il s’agit d’un comptage réalisé en 2022 et ne tenant pas compte de tous ceux qui s’abritent sous des toits improvisés de bois, grosse toile ou carton.Dans les jours qui ont précédé l’anniversaire de la capitale financière brésilienne, le 25 janvier, le maire a ordonné la confiscation des objets appartenant aux personnes sans abri : les couvertures, les sacs et jusqu’aux animaux qui n’attirent pas la sympathie d’une partie de la population. Et même si nombreux sont ceux qui donnent à manger aux animaux, on ne le fait pas pour les gens.Dans une zone connue comme « Cracolandia », en plein centre-ville, où se concentrent des toxicomanes et trafiquants de crack souvent sortis de prison et extrêmement vulnérables, les affrontements avec la police s’intensifient. Beaucoup ont migré dans les faubourgs, d’autres errent sans destination.Début 2023, a été adoptée à l’échelle nationale la loi 14.489 qui interdit toute architecture hostile, à savoir les obstacles artificiels créés pour empêcher de faire une halte sur la voie publique. C’est une loi qui porte le nom du père Júlio Lancellotti, le religieux défenseur « des défavorisés, des fragiles et des opprimés », symbole de tout un peuple.La faim résulte tant du chômage que de l’abandon social, tout ce qui génère une extrême pauvreté. Dans l’aire métropolitaine de São Paulo, les rares initiatives de politique publique ont disparu depuis l’époque de l’isolement social lié à la pandémie de Covid-19. Manque de nourriture, d’eau potable, d’abris, de toilettes publiques. On se sert dans les ordures.Le peuple à la rue est un miroir de la population brésilienne : des personnes différentes quant à leurs profils, ethnies, identités de genre, professions et opinions politiques. On y retrouve aussi des victimes de violences domestiques, ou des familles avec enfants. Il y a aujourd’hui plus de 190 000 brésiliens vivant à la rue, tandis qu’un quart des familles vit dans l’insécurité alimentaire. Il y a 33 millions de vies dont le développement physique, intellectuel et social est soumis à un risque parfois mortel.Dans ce paysage, le président Luiz Inácio Lula da Silva a entrepris son troisième mandat, marqué par le défi d’aider les Brésiliens mal nourris afin de sortir le pays de la carte mondiale de la faim, une fois de plus. Ce qui ne sera pas un travail facile.Dans la terre bénie de Dieu, un horizon d’abandon demeure à l’état latent, pas uniquement pour les peuples indigènes. Une vie devenue insoutenable.Doctorante à la Universidade Metodista de São Paulo et journalistePublicado originalmente no Blog #Hermes:https://hermes.hypotheses.org/7620

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