O nó do emprego: hora de mostrar compromisso com os trabalhadores

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Bem Blogado – 

É sabido que a Economia determina o futuro dos governos. Quando ela vai bem, dificilmente a administração será reprovada pela população. No campo progressista mesmo temos dois exemplos opostos, Lula e Dilma. Os números exuberantes do primeiro garantiram não só a superação de problemas como o do mensalão como deram a ele a impressionante aprovação de 87% ao entregar o Poder a uma sucessora escolhida por ele. Dilma, no entanto, por vários motivos que não cabem aqui, não repetiu o desempenho econômico de Lula e não teve gente na rua suficiente para impedir o golpe.

Se a Economia estivesse a pleno vapor, não haveria espaço político para Lava Jato e patifarias congressuais. Não estava e sabemos o final da história. Hoje, Bolsonaro come&ccedi l;a a abrir o bico pela falta de sua excelência, o emprego.




O brasileiro, dizem com certa razão, tem a memória curta e muitos já se esqueceram que o governo fraudulento e ilegítimo de Temer, associado à grande mídia, aplicou o conto da “reforma trabalhista que vai garantir no curto prazo a criação de 6 milhões de empregos”. A vigarice antipovo na verdade era a pura e simples retirada de direitos, como se comprova hoje.

Os 6 milhões de ilusões vendidas diariamente durante meses por “especialistas’ no Jornal Nacional viraram uma versão estelionatária da Viúva Porcina, a que foi sem nunca ter sido. Atendendo a mais um desejo do mercado, trocou-se direitos já escassos pela tal carteira de trabalho verde e amarela, que nada mais é do que a oficialização do trabalho precário.

É espantoso, mesmo nas estatísticas oficiais, o crescimento do trabalho chamado intermitente e de outras variáveis. Sem direitos, geralmente de rebaixamento salarial grande e sem nenhuma preocupação até de segurança laboral.

Não se fala aqui nem da criação da tristíssima categoria dos “desalentados”, aqueles que por falta de respostas durante muito tempo desistiram de procurar emprego. O que cresce mesmo, e serve até para maquiar um mercado de trabalho péssimo, é aquele sem vínculo e mal pago.

Existem coisas que a mídia e a publicidade oficial podem manipular durante algum tempo, mas isso não se aplica ao emprego e sua qualidade. O cidadão desempregado sente, quando vê na TV um mundo diverso da realidade, que não faz parte daquilo, que o emprego CLT que perdeu não será recuperado e isso exige resposta governamental.

O drama da política econômica restritiva de Paulo Guedes é que ela não permite perspectiva alguma para a questão do emprego. Como movimentar a roda de indústria, comércio e consumo se só se fala em corte, arrocho e sacrifícios?

Não é à toa que até o empresariado, que embarcou na onda burra do antipetismo rasteiro, vê desabar os índices de confiança. O PT, aliás, lançou recentemente uma interessante proposta para ativar a Economia, com ênfase óbvia na questão de combate ao desemprego.

O desespero do governo Bolsonaro-Guedes apela a subterfúgios como liberar R$ 500,00 do FGTS do trabalhador para dar um oxigênio mínimo ao consumo. É voo de galinha, não resolve, A questão estrutural não é superada assim.

Taxar lucros e dividendos e aumentar o imposto sobre heranças para permitir ao Estado investimentos em obras de infraestrutura, por exemplo, não passa pela cabeça de Guedes, comprometido com o rentismo.

Não há, portanto e infelizmente (são os mais pobres que sentem mais o efeito da falta de trabalho), perspectiva para acabar com ou mesmo diminuir o drama do problema. De retirada de direitos trabalhistas e previdenciários (o último crime) até o próximo trambique, está chegando a hora da verdade para os ultraliberais.

Já se vão três anos sem o PT no Poder e fica cada vez mais difícil culpá-lo pelas dificuldades econômicas. Os partidos progressistas terão duas tarefas agora: primeiro, a exemplo do que fez o PT, é hora de elaborar propostas para o emprego e divulgá-las. Depois, explorar o tema nas eleições municipais de 2020.

O desemprego tornou-se um problema do cotidiano e será a hora de mostrar quem, mesmo nas cidades, tem ideias e compromisso com o emprego e os trabalhadores.

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