Por Afranio Silva Jardim, jurista –
Agora os “liberais” estão percebendo a importância do Estado, seja no aspecto econômico, seja nos aspectos médico e sanitário.
O “deus mercado” não resolve estas questões. A iniciativa privada fica “pendurada” nas políticas do Poder Público.
Trata-se de um capitalismo que concentra os lucros e socializa os prejuízos. Vale dizer, capitalismo com baixo risco para os empresários.
Que medidas concretas a classe empresarial está tomando para minimizar os danos sociais decorrentes desta pandemia?
Qual a contribuição efetiva da iniciativa privada para diminuir o sofrimento e desconforto da população?
Agora os místicos e religiosos estão percebendo a importância da ciência e da tecnologia.
Parece que não estão realizando curas espirituais ou simplesmente rezando à espera de milagres divinos …
Por que os “bispos macedos” não estão afastando o demônio das pessoas contaminadas pelo novo coronavírus?
Por que os idiotas que são contra as vacinas estão ansiosos pela pesquisa científica em prol de medicamentos aptos a combater o danoso vírus? Estão eles seguindo os conselhos preventivos fornecidos pelos cientistas e médicos especializados?
A conclusão que se tira disso tudo é o que o novo coronavírus veio tornar ainda mais claro a fragilidade deste sistema capitalista extremado e que a figura do Estado é fundamental para a própria preservação da espécie humana.
O capital não sabe, não quer, e não tem condições para resolver os grandes problemas mundiais e está sempre “sugando” o Poder Público.
Na verdade, como sempre digo, neste modelo deletério de sociedade, o Estado passa a ser a expressão política do poder econômico. Por isso, se diz que o capitalismo financeiro é um grande genocida.
Não há como negar: o capitalismo mata. O capitalismo é o maior genocida da história da humanidade, seja pelas guerras colonialistas ou imperialistas, seja pela pobreza e miséria da maioria da população mundial.
A conjugação do capitalismo com o autoritarismo deságua no tenebroso fascismo, cujos valores deletérios levam a nossa civilização à truculência e ao obscurantismo
Importante perceber a importância do conhecimento científico e combater, com todas as forças, o obscurantismo pregado pela extrema direita em nível mundial. O fundamentalismo religioso não é compatível com a ciência, o conhecimento histórico e com a cultura de um modo geral.
Esperamos que esta trágica pandemia venha, ao menos, servir para expor as falsas promessas deste pernicioso sistema econômico neoliberal e desperte a população para uma percepção mais crítica do desenvolvimento de nossa civilização.
Justiça social, humanismo, educação, cultura e ciência são a salvação para as futuras gerações.
Mais Estado!!! Mais democracia!!! Mais distribuição da renda nacional!!! Menos cobiça, menos ganância, menos mediocridade e menos concentração de rendas!
Em resumo: vida digna para todos ou barbárie!!!
Afranio Silva Jardim, mestre e livre-docente em Direito pela Uerj
foto: autor desconhecido, reprodução de rede social