O Uruguai, conhecido por sua democracia consolidada e valores progressistas, há mais de um século retirou o Natal de seu calendário oficial e o substituiu pelo “Dia da Família”.
Por Guilherme Arandas, compartilhado de DCM
Essa mudança, que remonta a 1919, reflete um processo único de secularização que também alterou outras datas religiosas, como o Dia de Reis (transformado em Dia das Crianças), a Semana Santa (Semana do Turismo) e o Dia da Virgem (Dia das Praias).
A secularização dos feriados religiosos no Uruguai integra um amplo movimento iniciado no final do século XIX. Em 1861, os cemitérios, anteriormente controlados pela Igreja, passaram para a administração estatal. Outras medidas significativas incluíram a obrigatoriedade do casamento civil antes do religioso, a aprovação da lei do divórcio e a retirada de crucifixos dos hospitais públicos.
Além disso, o ensino religioso foi eliminado das escolas públicas, consolidando o modelo de educação laica no país. Essas medidas culminaram na Constituição de 1917, que formalizou a separação entre Igreja e Estado e garantiu a liberdade de culto. Sob a liderança de José Batlle, que governou em dois períodos (1903-1907 e 1911-1915), o Uruguai consolidou sua identidade como um dos países mais laicos da América Latina.