A escola, longe de ser uma ilha isolada, é um reflexo das dinâmicas sociais e culturais que permeiam a comunidade ao seu redor.
Por Carlos Lima, compartilhado de seu Blog
Ignorar os fenômenos culturais que chegam às salas de aula significa correr o risco de desconectar-se dos estudantes, comprometendo o seu papel educativo. A polarização crescente, que já define muitos aspectos da sociedade, tem se manifestado entre adolescentes de forma preocupante, criando divisões e “panelinhas” com base em crenças, ideologias ou até preferências culturais.
Nesse cenário, a Educomunicação emerge como uma abordagem poderosa para mediar conflitos e promover a convivência. Inspirada na filosofia do “Bem Viver” dos povos Maias, a Educomunicação aposta em práticas de diálogo, colaboração e escuta ativa, que desafiam os modelos tradicionais de ensino e criam pontes entre as diferenças.
A escola como espaço de diálogo
Os jovens chegam à escola carregando suas crenças, visões de mundo e, muitas vezes, as tensões do ambiente polarizado em que vivem. Ignorar essas características é perder a oportunidade de estabelecer uma relação significativa e transformadora com eles. Mais do que nunca, é essencial colocar o estudante no centro das atenções, promovendo um ambiente onde ele possa se expressar e se relacionar com colegas que são igualmente diversos.
A Educomunicação propõe transformar a sala de aula em um espaço de construção coletiva, onde o conhecimento não é apenas transmitido, mas construído em conjunto. Projetos que incentivam a produção de conteúdos como podcasts, documentários, histórias em quadrinhos ou jornais permitem que os estudantes debatam temas polêmicos, como política, religião ou esportes, de forma respeitosa e criativa.
Comunicação Não-Violenta e mediação
A abordagem educomunicativa se alinha aos princípios da Comunicação Não-Violenta (CNV), que valoriza o respeito às opiniões e promove mediações que garantem o diálogo produtivo. Sob essa perspectiva, todos os temas podem ser debatidos, desde que haja uma mediação estruturada que favoreça o respeito e a compreensão mútua.
Ao trabalhar em projetos colaborativos, os estudantes desenvolvem uma leitura crítica sobre os temas do mundo, compreendem diferentes pontos de vista e, mais importante, aprendem a construir juntos, ao invés de simplesmente combater opiniões divergentes. Esse processo não apenas combate a cultura do ódio, mas também previne episódios de violência escolar frequentemente motivados pela incompreensão do outro.
A força da Educomunicação para a transformação
A Educomunicação vai além de propor atividades; ela transforma a escola em um espaço onde o diálogo, o respeito e a diversidade são celebrados. Em um mundo polarizado, essa abordagem é essencial para preparar os jovens para o futuro, promovendo a convivência e o aprendizado em um ambiente plural.
Trazer a Educomunicação para o centro das práticas pedagógicas significa equipar os estudantes com ferramentas para dialogar, mediar conflitos e construir pontes, ao invés de muros. Afinal, é por meio do trabalho coletivo que encontramos soluções, compreendemos o outro e, juntos, construímos uma sociedade mais justa e inclusiva.
Que tal dar espaço para a Educomunicação e fazer da escola um território de transformação?Por Carlos Lima: Educomunicador e professor
Foto : Imprensa Jovem