Ele adorava a si mesmo. Considerava-se um atleta, um exemplo de saúde, um exemplar perfeito da antiga raça romana. Machista e misógino, maltratava por gosto as mulheres, até mesmo aquelas com as quais mantinha relacionamentos amorosos ou puramente sexuais.
Por Walter Falceta, compartilhado de Construir Resistência
Para exibir-se, desfilava orgulhoso por ruas e avenidas. Estufava o peito sobre um cavalo, enquanto recebia os aplausos da multidão de fanáticos. Noutras ocasiões, reunia seus apoiadores para rumorosos cortejos de motocicleta.
Era um nacionalista, e dizia que seu país estava acima de tudo, seguindo a máxima alemã. Afirmava-se honesto e dizia que seu papel era livrar o país da corrupção.
Em seu governo, no entanto, multiplicaram-se as negociatas, as extorsões, as apropriações indébitas e os esquemas de cobrança de propina.
Na época da crise, não havia água oxigenada tampouco analgésicos em muitos dos hospitais de seu país. Ainda assim, os oficiais das forças armadas se esbaldavam com vinhos caros, caviar, salmão e nobres carnes bovinas.
Colocou-se acima dos códigos de leis e do poder judiciário, insultando regularmente os magistrados e anulando as sentenças de condenação de seus correligionários. Tinha gosto por ofender profissionais de imprensa, especialmente em público.
Levou seu país à ruína econômica e, em determinado momento, os proletários disputavam nas ruas um pedaço de osso para dar substância à sopa rala.
Assim foi o governo de Benito Mussolini. Teve o fim que merecia.
Walter Falceta é jornalista e um dos fundadores do Coletivo Democracia Corintiana (CDC)