Por Washington Luiz de Araújo –
Sei muito pouco sobre Rafael Braga. Sei que foi preso nas manifestações de 2013 portando dois frascos de desinfetante. O que para a Polícia que vive jogando bomba de gás lacrimogêneo, spray pimenta e atirando com bala de borracha que arranca olhos e abre corpos, foi considerado arma letal.
Sei que Rafael foi solto e usava tornozeleira quando foi preso de novo, acusado de portar algumas gramas de maconha e cocaína.
Sei que o juiz foi muito rigoroso, ouvindo cinco testemunhas de acusação (PMs que o prenderam) e somente uma de defesa, uma senhora que viu a prisão e não percebeu que ele estava com droga alguma.
Sei que foi condenado a 11 anos e três meses de cadeia.
Sei que advogados foram contra a forma com que se portou o juiz que o condenou, pois para estes, policias envolvidos na prisão jamais deveriam ser as testemunhas de acusação. Lógico, se armaram pra cima de Rafael, iriam segurar a coisa até o fim.
Sei que em 01 de agosto foi apreciado um habeas corpus para Rafael e que dois desembargadores já tinham negado a sua liberdade quando um terceiro pediu vistas do processo.
Sei que Rafael não é ativista político.
Sei que ele está mais para Amarildo, morador da Favela da Rocinha que foi torturado pela Polícia e depois teve seu corpo desaparecido, do que para quem sai às ruas para cobrar o fim do golpe.
Portanto, sei muito pouco sobre Rafael, mas sei muito sobre a prática da polícia que o prendeu e a respeito do judiciário que o condenou.
Sei que quero a liberdade de Rafael Braga, pois vejo nele apenas mais um pobre no qual a justiça pretende fazer injustiça para provar que é justa.