O Príncipe de Maquiavel: por que o livro se tornou referência na ciência política

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Conheça um pouco da história da obra confundida no STF por advogado bolsonarista

POR FLÁVIA CAROLINA FERNANDES, COMPARTILHADO DE REVISTA FÓRUM




Escrito em Política18/9/2023 · 23:59

O Príncipe de Maquiavel: por que o livro se tornou referência na ciência política
Publicado em 1532, o livro mudou a forma de enxergar a ciência política. /Reprodução

Herry Kattwinkel, advogado responsável por defender um dos golpistas que atacaram o Palácio do Planalto em 8 de janeiro, confundiu o livro “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel, com a história infantil “O Pequeno Príncipe”, do francês  Antoine de Saint-Exupéry, no Supremo Tribunal Federal (STF), na última quinta-feira (14). 

O livro “O Príncipe” é uma obra escrita pelo filósofo italiano Nicolau Maquiavel sobre como se deve governar as pessoas. Pelas características singulares e a sistematização de como um príncipe deve se portar, os métodos do autor se tornaram muito famosos desde a primeira edição, publicada em 1532. 

“Melhor ser temido do que ser amado” – essa frase icônica do livro de Nicolau Maquiavel resume bem o conteúdo da obra. Como se é de imaginar através desse pequeno trecho, o filósofo ensina a imperar através da imposição do medo

Esse livro é tão significativo para a área da ciência política justamente porque representa o início da teorização e da reflexão sobre a forma como as organizações políticas agiam na sociedade. 

Hoje em dia, a obra é referência em cursos como ciência política, administração pública, direito, dentre outros conhecimentos da área das ciências sociais aplicadas. 

No artigo acadêmico “A contribuição o do pensamento de Maquiavel para o desenvolvimento da Ciência Política”, escrito por Caroline Rodrigues Miranda, Fernanda Schmokel e Ronaldo Bernadino Colvero, estudantes da Universidade Federal do Pampa, é possível compreender melhor sobre a visão de Maquiavel perante o homem e a política na época.

“[…] Maquiavel entende que a natureza humana do homem é a pior possível. Ao analisarmos o conceito de virtú maquiaveliana, conseguimos avistar a recusa do autor à política da “bondade” ou da “generosidade” como condutor intrínseco das ações dos governantes”, dizem os autores. 

Além disso, ao contrário do que o autor discorre no livro, os leitores contemporâneos percebem os compilados de ensinamentos como sendo o oposto das ações que devem ser tomadas por pessoas que estejam responsáveis por cargos políticos. 

Uma curiosidade é que, devido ao fato de Maquiavel descrever atitudes dissimuladas e manipuladoras como sendo essenciais na formação de um príncipe, a palavra “maquiavélica”, que significa “traiçoeira”, “maldade”, “ardilosa”, é uma variação do sobrenome do autor, justamente por conta de sua negação das leis morais em seu livro.

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