Jornal GGN –
Nos próximos dias o fator Petrobras deverá desaparecer do noticiário por dois motivos.
O primeiro, é o equacionamento dos problemas da empresa.
Apesar dos amuos do mercado, foi acertada a indicação de Aldemir Bendine para presidir a empresa. Essa ideia de que o novo CEO deveria entender de petróleo é similar a lendas de anos anteriores, de que o presidente do Banco Central deveria entender de operação de mesa.
A Petrobras tem quatro problemas, todos quatro relacionados com a gestão financeira ou contábil:
1. A necessidade de implantação de um sistema de governança, definindo as diversas alçadas para a aprovação de despesas e investimentos. Esse processo foi implementado há mais de quinze anos no BB. Hoje em dia, até para aumentar o limite do cheque especial de um cliente exige-se a assinatura de mais de uma pessoa.
2. A negociação com as empresas de auditoria interna e externa para readequação do balanço de acordo com o teste de impairment. Trata-se de readequar o valor do ativo aos resultados que ele gera. E definir o chamado “custo corrupção”. Aparentemente decidiu-se aplicar um percentual de 3% sobre todos os investimentos do período, o que dará algo próximo a R$ 4 bilhões – tal qual havia antecipado aqui semanas atrás. E rediscutir os critérios de reavaliação dos ativos que, segundo o próprio Bendine, basearam-se em metodologias discutíveis.
3. Definir o planejamento financeiro da Petrobras, privilegiando a atividade central (a extração de petróleo) e definindo novos modelos associativos para as demais áreas. Esse trabalho foi realizado com amplo sucesso no BB.
4. Resolver o problema da cadeia de fornecedores, especialmente a situação da Sete Brasil, que demanda maior urgência . Há um grupo de trabalho constituído pelo BB, Caixa Econômica Federal, BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e bancos privados trabalhando no equacionamento do problema.
Com o plano de voo claro, não haverá dificuldade para a empresa retomar sua trajetória.
O segundo fato normalizador será a lista dos políticos com foro privilegiado, que será apresentada pelo Procurador Geral da República Rodrigo Janot ao STF logo após o carnaval.
Em algumas oportunidades, Janot declarou que a lista contem algumas “bombas de hidrogênio”. Na bolsa de apostas, o candidato favorito à explosão é o atual presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Aliás, se Cunha nada tivesse a ver com uma operação que se desenvolvia preferencialmente no Rio de Janeiro e com o PMDB, seria uma demonstração surpreendente de falta de eficácia em um terreno no qual ele sempre foi um campeão.
Confirmando, haverá um enfraquecimento da bancada negocista da Câmara e, consequentemente, da bancada golpista.
Será mais uma oportunidade para o governo Dilma montar uma nova estratégia política e confirmar uma máxima popular: ninguém é tão bom a ponto de acertar todas, nem tão ruim a ponto de não acertar nenhuma.