Com Guayaquil, nada. A maior cidade equatoriana, super populosa , tem um ilustre morador há mais de 50 anos. Chama-se Moacyr, é brasileiro e campeão mundial na Copa de 1958. Com o falecimento de nosso Rei Pelé; ele é um dos cinco campeões mundiais vivos daquela Copa. São eles: Dino Sani, Mazolla, Zagallo, Pepe (meu pai) e ele.
Por Gisa Macia, filha de Pepe, o Canhão da Vila, compartilhado de Mudeu da Pelada
Moacyr Claudino Pinto nasceu em São Paulo, em 1936, mas foi no Rio de Janeiro que fez sua carreira de futebolista. Começou no juvenil do Flamengo, destacou-se como meia armador. Defendeu o clube carioca em 225 jogos e marcou 56 gols. Chegou a Seleção Brasileira, sendo reserva de Didi.
Jogou também com grande sucesso nos times do River Plate e Peñarol da Argentina e Barcelona de Guayaquil. Se apaixonou pela cidade equatoriana, constituiu família, foi treinador de futebol e reside lá desde 1964.
E eu, como amante do futebol e dos ídolos eternos, não poderia deixar passar esta oportunidade de conhecer o ex-jogador, que fez parte da primeira seleção campeã mundial e amigo do meu pai.
Antes, busquei com o meu pai uma lembrança para levar a ele. Meu pai escolheu um boné do SFC e fez uma dedicatória com carinho.
Com o contato dele em mãos e poucos dias em Guayaquil, tratei de mandar um WhatsApp. A minha ideia inicial era de visitá-lo junto com o meu marido Bruno em sua casa. Afinal, trata-se de um senhor de 86 anos. Mas ele, rapidamente, fez a vez de anfitrião dizendo que iria até nós. Bastou eu mencionar o nome do hotel para ele estabelecer:
“Amanhã por volta das 11 da manhã estarei aí”. Demonstrando saber aonde era, sem nem tomar nota do endereço.
Assim que chegou ao saguão de nosso hotel, aonde o esperávamos, desculpou-se pelo pequeno atraso e me contou que estava a uma hora e meia de Guayaquil na casa de sua filha. Sem demora, entreguei o boné com a dedicatória de meu pai. Ele, na mesma hora o colocou na cabeça. Sorridente e espirituoso, contava, com entusiasmo, alguns momentos que vivenciou na seleção e descreveu, como se fosse hoje, o momento que Garrincha, com um rádio que acabara de comprar nas mãos, resmungou:
“Não vou levar esse rádio que comprei! Só fala em sueco!”.
Fiquei impressionada com sua lucidez, não só pela memória do passado como, principalmente, por estar bem informado dos fatos atuais. Conversou sobre política, problemas vigentes da cidade… Deu risadas quando falamos do terremoto.
“É aqui, de vez em quando, a terra treme… Já estou acostumado”, embora confirmou que o tremor ocorrido no dia anterior tenha sido o mais forte dos últimos tempos.
Moacyr demonstrou ainda estar inteirado sobre a política no Brasil. E mais: veio ao nosso encontro sozinho!
Seguimos dali para um café próximo para mais conversa. Ele quis saber das novidades do meu pai e disse que quase morreu há 10 anos atrás, quando sofreu dois enfartes.
Foi muito agradável resgatar com ele memórias daquela seleção da qual meu pai fez parte também e conhecer um velho amigo.
Depois de cerca de duas horas, tivemos que nos despedir, pois ele precisava retornar a casa de sua filha e nós tínhamos um passeio a fazer. Mandamos lembranças a família e desejamos saúde, paz, prosperidade… Ele falou, as gargalhadas:
“A saúde eu deixo para vocês… o dinheiro pode ficar comigo!! ”