Por Washington Luiz de Araújo, jornalista –
Na época em que morreu Luiz Eduardo Magalhães, o então presidente estadual do PT/SP, Paulo Frateschi, escreveu no Linha Direta, boletim estadual do partido, um editorial em que dizia procurar virtudes para enaltecer aquele político que ia tão jovem. Como toda a grande imprensa alardeava as possíveis qualidades morais do filho de Antonio Carlos Magalhães, o dirigente dizia em sue texto ter, realmente, procurado as tais virtudes para reverenciar o morto.
E no texto, Frateschi lembrava que no bairro onde morava quando criança, a Lapa de baixo, um homem frequentava todos os velórios, onde pedia a palavra e enaltecia algo de nobre naquele que ali jazia. Um dia, chegando a um velório de um completo desconhecido, ousou, mesmo assim, proferir algumas palavras elogiosas e só conseguiu dizer: “assoviava tão bem”.
No caso de Luiz Eduardo Magalhães, a frase elogiosa que veio à mente de Paulo Frateschi foi: “Vestia-se tão bem”.
Pois então, com o falecimento do grande poeta Ferreira Gullar, que na prosa só fez nos últimos tempos desdizer o que dizia na poesia, dando as costas aos movimentos sociais, àqueles que lutaram contra a desigualdade social, a única frase que me vem à cabeça é: “Fazia poesia tão bem”. Que fique a sua arte, a poesia. Que esta seja imortal.