Por Washington Luiz de Araújo, jornalista –
Um amigo afirma que a direita é uma só e que a esquerda são muitas. No cenário atual, vemos que grande parte da esquerda brasileira, com críticas ou não ao governo, está se unindo contra o golpe, contribuindo para desmentir esse amigo. A grande decepção neste sentido é a presidenta nacional do PSOL, Luciana Genro, que rema contra a maré, em direção oposta ao de líderes do seu próprio partido, como Jean Wyllys e Marcelo Freixo. Não sabemos com que intenção – pois não há inocente nesta barca –, Luciana Genro afirmou na “Folha de S. Paulo”: “Não estamos em uma situação de golpe, onde haja o risco de assumir um governo que vai restringir as liberdades individuais, que vá censurar, que vá prender, que vá torturar”.
Nem Lobão diria melhor.
Em que país está vivendo a dirigente neste momento de crise política e de golpismo em curso? As liberdades individuais já estão sendo vilipendiadas e há tortura psicológica praticada, por exemplo, quando um juiz de primeira instância prende ao seu bel prazer para colher delação. E a censura que a dirigente psolista não vê , está todos os dias nas emissoras de rádio e TV e nos jornais pendurados nos varais das bancas, com uma cobertura maniqueísta, escandalosa contra o PT e omissa em relação aos tucanos e pemedebistas citados na lista da Odebrecht e nas palavras de delatores. Omissa também em relação aos abusos praticados pelo Juiz Sérgio Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público.
Pelo visto, Luciana Genro é voz isolada em seu partido, mesmo presidindo a instituição. Vejam o que o deputado federal Jean Wyllys , afirmou à Rádio França Internacional : “A oposição de direita, principalmente PSDB e DEM, decidiram impedir a presidenta Dilma de governar neste segundo mandato. Contaram com o apoio de um traidor da base do governo, o deputado Eduardo Cunha. A imprensa entrou com a narrativa junto com o juiz Sergio Moro de circunscrever a corrupção no Brasil, que é sistêmica, que é histórica, como se fosse só do PT. Está se desenhando um golpe frio, comandado por setores conservadores do judiciário, pelos meios de comunicação e parte da oposição. Já que não tiveram chance de vencer nas urnas, estão querendo destituir um governo democraticamente eleito, desta maneira. Esses partidos de direita, meios de comunicação e o judiciário estão flertando com a ultradireita, com fascistas”.
Ao lado de Jean Wylliys, outro líder do PSOL, Marcelo Freixo, afirmou, via Facebook “Não podemos achar que há algo que legitime o impeachment, pois não há elementos para tal. A proposta de impeachment hoje é golpe”. Outro que não concorda com o pensamento tresloucado de Luciana Genro, e que já chegou a propor eleições gerais para 2016, é o dirigente do Psol Juliano Medeiros: “Neste momento, o PSOL e sua bancada têm todos os seus esforços concentrados na luta contra o retrocesso representado pelo impeachment liderado por Eduardo Cunha e pelas forças conservadoras, sem a existência de crime de responsabilidade comprovado. Portanto, considero equivocado estimular neste momento quaisquer saídas que representem uma defesa disfarçada da queda do governo, como antecipação das eleições ou referendo revogatório sem uma ampla e profunda reforma política”.
Que a presidenta do PSOL ouça seus pares, enfileire-se contra o golpe e não ao lado dos Eduardo Cunha, Michel Temer, FHC, José Serra e demais da turma que vai para a história como aqueles que conspiraram contra democracia brasileira.
