O que explica o súbito interesse do mercado financeiro por pesquisas eleitorais?

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Está aí uma boa pauta para os valorosos profissionais dos sites jornalísticos da imprensa alternativa. Penso que a mídia comercial não se interessaria pelo assunto, entre outros motivos devido à montanha de dinheiro que fatura com os anúncios publicitários dos agentes do mercado financeiro.

Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog




Foto: Reprodução Poder 360

Longe de mim defender qualquer tipo de censura, mas será que boa parte das pesquisas eleitorais bancadas por bancos de investimento e corretoras merecem mesmo o destaque que a mídia contra-hegemônica lhes confere?

Será mesmo que pesquisas telefônicas, metodologia condenada por especialistas respeitados da área, fazem jus aos espaços privilegiados que ocupam? Não caberia situar o leitor ou telespectador sobre a natureza desses levantamentos?

O fato é que um movimento que começou de forma tímida em 2018 virou febre na eleição atual: a presença de corretoras de valores e bancos de investimento, a maioria pouco conhecidos do público, como parceira de institutos de pesquisas que se lançaram recentemente nesse mercado.

Genial, Ideia, Modalmais, BTG e XP são alguns dos nomes que a gente se acostumou a ver todas as semanas associados à divulgação de pesquisas para presidente da República, governos dos estados e Senado.

Ontem li na Revista Fórum uma reportagem que apontava a razão da discrepância entre os resultados do Ipec e o do Genial Quaest. Diz a matéria que enquanto o Ipec usa a PNAD do IBGE de 2018, a Genial Quaest tem como base a PNAD de 2021. Por não ter sido realizado censo no ano passado, as pesquisas usam esses parâmetros.

E o Ipec não se baseia no PNAD de 2021, porque a proporção dos mais pobres (até dois salários mínimos) acabou achatada, pois quem estava recebendo o auxílio emergencial naquela época saltava para a faixa seguinte (entre 2 e 5 salários mínimos). Daí o Ipec não ter embarcado nessa armadilha, pois quem recebe auxílio emergencial, ainda mais transitório como em 2021, não muda de faixa de renda.

Ora, na minha modesta opinião, só essa diferença metodológica, que faz com que a Quaest puxe a intenção de voto em Lula para baixo, pois ele tem grande concentração de eleitores na faixa mais pobre, já seria motivo suficiente para que as sondagens desse instituto não ocupassem manchetes.

Não sou dado a teorias conspiratórias, mas custo a crer que os problemas das pesquisas financiadas pelo mercado financeiro se limitem a metodologias específicas de A ou de B. Repare que os levantamentos dos bancos sempre mostram redução dos votos em Lula se comparadas com os institutos tradicionais e que têm nome a zelar, como o Datafolha e o Ipec (antigo Ibope).

Pesquisa eleitoral de banqueiro não me convence.

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A piada do ano

Em ofensa à inteligência alheia, a campanha de Bolsonaro declarou ter gasto apenas R$ 30 mil com a organização dos atos eleitorais de 7 de setembro, em Brasília e no Rio. A informação velhaca consta do documento de prestação parcial de contas que a campanha encaminhou à Justiça Eleitoral. Depois dessa grave omissão e tentativa de ludibriar o TSE, a aprovação das contas do candidato Bolsonaro seria um escárnio.

Definitivo: 7 de setembro fora da campanha

Os advogados de Bolsonaro agiram rápido e entraram com recurso contra a decisão liminar do ministro Benedito Gonçalves, do TSE, proibindo que as imagens obtidas no 7 de Setembro fossem usadas na propaganda eleitoral  Bolsonaro. Mas o plenário do TSE foi mais célere ainda, além de fulminante: por unanimidade, sacramentou a decisão de vedar a utilização dessas imagens. Baita derrota do capitão.

Bela enquadrada

Com a palavra, Lula, durante encontro com cooperativas: “Nós estamos criando o Ministério da Segurança, porque a gente vai ter que controlar corretamente o narcotráfico, o tráfico de armas, quase 17 milhões de fronteiras secas e 8 milhões de fronteira marítima, além do nosso terreno. Aí, possivelmente, a gente vai ocupar as nossas forças armadas com coisas mais dignas, mais sérias e necessárias ao povo brasileiro.”

Pau que nas nasce torto…

Parte da imprensa que faz jus a concorrer ao prêmio “O tolo do ano” chegou a levar a sério que Bolsonaro, nem que fosse por mera tática eleitoral, estaria ensaiando um comportamento mais moderado. Tudo por conta do ar contrito e das falas conformadas exibidos durante um longa entrevista a um podcast. Rematada bobagem. Menos de 24 horas depois já retomou as insinuações golpistas, com a ameaça “deixa só passar as eleições.”

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