Chegou a hora de dar nome aos bois na esquerda e campo democrático: o que pode unir agora é o “não ao golpe”. Só isso e, melhor, não é pouco. É o suficiente. Se Dilma volta ou eleições gerais é discussão para depois.

Movimentos sociais, de mulheres, juventude, moradia, LBGT, trabalhadores do campo e todos que ganharam salutar protagonismo no campo democrático têm que ser ouvidos com atenção diferente.

Mas, lamento pensar, não conseguirão sozinhos derrotar o golpe.  Sem base social forte e organizada, a repressão do ministro da mão direita pesada fará o serviço.

Na outra ponta, é hora de o PT enxergar o óbvio: os tempos mudaram. Se é uma bobagem dizer que o PT não tem mais a hegemonia na esquerda, é bobagem também não enxergar que essa hegemonia não é mais do mesmo tamanho.

Hora de, internamente, fazer uma autocrítica de verdade e tirar a bunda da cadeira e conversar em outros termos com partidos como PC do B, PSOL e PDT, por exemplo. E também obviamente com os atores emergentes dos movimentos sociais.

Não haverá mobilização popular e social de peso sem o PT, por mais baleado que ele esteja hoje. É Lula, quer queiram ou não, quem tem respaldo entre os pobres. Ignorar o fato é levar a luta para o gueto.

Mas o PT tem que dar o primeiro passo. Ou muda ou será atropelado pela História. E isso será uma tragédia para o campo democrático. Apesar de muitos delirarem, estamos longe da criação de um Podemos.

O que temos para hoje é uma razoável chance de derrotar o governo Cunha. E o que unifica o campo que defende a legalidade é o “não ao golpe”. Só isso. Hora de juízo