Por Graça Lago, citando Chico Teixeira
Há quatro dias, em 28/05, a Polícia Federal deflagrou uma operação contra um grupo terrorista da extrema direita, que vendia o monitoramento e assassinato de autoridades. O grupo, comandado por um oficial militar e que reunia militares da ativa e da reserva, se autodenominava “Comando C4” (Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos) – nome inspirado tanto em um explosivo potente como em um grupo paramilitar também terrorista da extrema direita que atuou no período da ditadura civil-militar-empresarial de 1964.
O tal C4 tinha um arsenal de alto poder de fogo – 5 fuzis de snipper com silenciador, 15 pistolas com silenciador, munições, lança-rojão, explosivos de detonação remota e 2 fuzis lançadores de dardos – usava prostitutas como “iscas”e foi descoberto em meio a investigações sobre venda de sentenças por servidores do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso; o advogado Roberto Zampieri, figura central do esquema, foi morto a tiros no Mato Grosso por essa mesma organização, segundo fontes da PF.
É, sem dúvida, um assunto de extrema relevância e gravidade para o país, mas, desde quarta-feira, nada mais se falou sobre isso. Tudo bem que o caso está sob sigilo, mas não encontro nem uma linha de opinião.
Pois é. Enquanto a imprensa se cala, encontro na página do sempre atento Autorizado Chico Teixeira as informações que parecem calar. Elas dão a dimensão da rede golpista espalhada pelo país. Leia e você vai encontrar nomes assíduos no noticiário político.
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O que é a “Agência C4?”.
Trata-se de uma empresa clandestina, formada por militares de várias patentes, da Reserva e da Ativa, que se envolveram diretamente com a Extrema Direita. Seu nome, sob forma do acróstico do explosivo C4, significa “Comando de Caça aos Comunistas, Corruptos e Criminosos” e emula o CCC, Comando de Caça aos Comunistas, que agiu entre 1960 e 1965 e novamente na transição falhada entre 1975 e 1980. Assemelha-se ainda ao grupo terrorista “Triple A”, “Alianza Anticomunista Argentina”, que atuou ente 1973 e 1976.
A C4, montada pelo Coronel R1 Caçadini, formou uma rede vastíssima, bem montada, com “agências” em vários estados visando a espionagem, sequestro e assassinatos de representantes da Esquerda. Montaram para isso uma tabela de preços, desde ministros de Estado, ministros de Cortes Superiores até “comunistas comuns”.
Caçadini é transformado em peça chave do “esquema de segurança” do Mundial Sub 20″, herdando o esquema de segurança das Olimpíadas do Rio de Janeiro montado pelo General Augusto Heleno. Colega de turma de Bolsonaro, age na Academia de Agulhas Negras e na Eceme em favor da eleição de Bolsonaro, ao arrepio da legislação eleitoral e do Regimento Disciplinar do Exército, que se aplica também aos militares da Reserva. Faz campanha de Zema, de quem faz parte do governo na área de segurança e recebe de Sérgio Moro um alto cargo no Ministério da Justiça.
Durante todo esse tempo expande a rede de colaboradores. Inconsolável com a vitória de Lula, e com receio de ser exposto e de perder capacidade de ação na Agência C4, começa a treinar indivíduos para o Golpe de Estado. Durante todo esse tempo usou meios, equipamentos e redes do Poder Público para conspirar contra a Democracia.
Na foto, alguns dos presos pela Poli´ciia Federal: da esquerda à direita: Aníbal Manoel Laurindo, Coronel Luiz Caçadini, Antônio Gomes da Silva e Hedilerson Barbosa | Foto: reprodução do Jornal Opção
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