Em 2005, Augusto Heleno não negou morte de civis sob seu comando em depoimento à Câmara dos Deputados
Por Yuri Ferreira, compartilhado da Revista Fórum
Nesta terça-feira (26), a parlamentar Duda Salabert (PDT-MG) relembrou durante a CPMI dos Atos Golpistas a participação do general e e ex-ministro do GSI Augusto Heleno na Operação Punho de Ferro, denunciada como um massacre por organizações de direitos humanos.
À época, ele era chefe da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah). Na CPMI dos Atos Golpistas, Heleno negou que comandou a operação.
O que foi a Operação Punho de Ferro
A Operação Punho de Ferro no Haiti foi uma ação militar da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah) em 6 de julho de 2005. À época, a missão era coordenada pelo general brasileiro Augusto Heleno.
A operação ocorreu em Cité Soleil, um bairro pobre da capital haitiana, Porto Príncipe, em busca de um gangster combatente conhecido como Dread Wilme. Durante a operação, as tropas dispararam mais de 22 mil balas e Dread Wilme foi morto.
Além dele, mais de 70 pessoas foram assassinadas, incluindo mulheres e crianças. A Operação foi alvo de denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), baseada em depoimentos de moradores e em um relatório elaborado pelo Centro de Justiça Global e da Universidade Harvard (EUA).
Heleno não negou a morte de crianças e mulheres
A operação foi uma das polêmicas envolvendo a passagem de Heleno pelo Haiti. Ele se manteve no controle da Minustah entre outubro de 2004 e setembro de 2005. Segundo o jornal Brasil de Fato, a Punho de Ferro foi um dos motivos que levou à saída do general do comando da Minustah.
Ele nunca negou a morte de civis na operação. “Não tenho dúvida que diante da atitude das gangues de utilizarem mulheres e crianças como escudos para se protegerem, podem ter acontecido efeitos colaterais (morte de civis). Mas se aconteceram, foram mínimos”, disse Heleno em depoimento à Câmara dos Deputados em 23 de novembro de 2005.