O que quer a direita, quais são as propostas para vencer a crise no mundo?

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Emir Sader, Rede Brasil Atual – 

Centralidade do mercado, livre comércio e Estado mínimo fazem com que sejam destruídas as conquistas sociais; na América Latina, críticas aos governos populares querem a volta do antigo modelo

GERARDO LAZZARI
selfie paulista.jpgManifestantes na Avenida Paulista, hoje (15), defendem a volta do velho modelo político no país, de cunho neoliberal

A direita segue em frente, com seus meios de comunicação, seus partidos, seus governos, suas politicas econômicas. Mas o quer quer a direita? O que a direita tem a propor ao mundo hoje? Que balanço ela faz do seu desempenho? Que perspectiva oferece hoje a direita?

Sobre guerra e paz, ai está a politica dos EUA que desde que passou a ser a única superpotência, só multiplica as guerras no mundo. Que ele não consegue concluir com as duas guerras que iniciou já faz mais de uma década, no Afeganistão e no Iraque, que estão claramente em situação pior do que antes que fossem invadidos e destruídos como países.

A crise no próprio centro do capitalismo mundial já dura mais de sete anos, sem perspectivas de superação. Seu modelo de centralidade do mercado, de livre comércio, de Estado mínimo, faz com que a Europa destrua o que de mais generoso ela havia produzido: o Estado de bem-estar social. Políticas econômicas que salvaram os bancos, levaram à quebra de países e à expropriação maciça dos direitos dos mais vulneráveis.

O que se propõe a direita na America Latina? O continente, que tem os únicos países do mundo que diminuíram a desigualdade, mesmo em meio de seu brutal aumento no mundo, tem uma direita que trata de inviabilizar a continuidade justamente dos governos que conseguem essa proeza. Mas o que vem a propor a direita na Argentina, na Venezuela, no Equador, na Bolívia, no Brasil,  no Uruguai?

À falta de alternativas, propõe o retorno de suas próprias políticas neoliberais, essas mesmas que levaram a esses países às piores crises da sua história. Que levaram a América Latina à quebra de suas economias, à alienação de seus bens públicos, à expropriação dos direitos dos trabalhadores. Além de já ter governado e de ter fracassado, continuam governando, com suas politicas, em outros países.

O México foi o país que ficou como um dos casos que os organismos  internacionais erigiram como caso de sucesso das politicas que eles propõem. Foi o primeiro país a assinar um Tratado de Livre Comercio com os EUA (e com o Canadá). O balanço feito dos 20 anos da sua vigência não  poderia ter sido pior para o México. A própria situação desse pais não permite outro balanço que não seja que o Tratado foi péssimo para a parte mais frágil e ótimo para a parte mais forte.

Mas outros países também seguem o modelo neoliberal, como é  o caso do Peru, que apresenta, ao longo dos últimos anos, altas taxas de crescimento do seu PIB, sem se que se alterem os péssimos índices sociais do pais, fazendo com que se sucedam presidentes que rapidamente perdem apoio popular e são derrotados no final dos seus governos.

O que pode propor a direita para a Argentina, por exemplo? Que atitude pode ter frente aos governos que recuperaram o país da pior crise da sua história? Vão questionar o modelo de crescimento econômico com distribuição de renda? Vão sair dos processos de integração regional? Vão diminuir o tamanho do Estado, para voltar a promover a centralidade do mercado? Retomarão as políticas de paridade com o colar? Vão abolir as políticas sociais, que fizeram com que a Argentina se recuperasse dos terríveis retrocessos impostos a seu povo pela ditadura militar, pelo governo neoliberal?

Não foi a direita, com o governo de FHC, que levou o Brasil à sua mais mais profunda e prolongada recessão, com um imenso endividamento com o FMI, de que o Brasil só saiu com o governo de Lula?

Não foi a direita que praticamente privatizou a PDVSA, a empresa estatal venezuelana de petróleo, a mesma direita que tentou derrubar o governo legitimamente eleito de Hugo Chávez com um golo em 2002?

Foi a direita que tentou privatizar a água na Bolívia, tentativa frustrada pela formidável mobilização do povo boliviano, liderado por Evo Morales. Foi essa mesma direita que tentou dividir ao país, para buscar bloquear os extraordinários avanços do primeiro governo indígena da Bolívia.

Foi a direita quem entregou as riquezas equatorianas nas mãos de empresas estrangeiras como a Chevron, que promoveu uma brutal contaminação da Amazônia equatoriana. Foi a direita desse país que teve como candidato à presidência o maior banqueiro do pais.

Foi a direita a responsável pelos piores governos que teve o continente: as ditaduras militares e os governos neoliberais. É a direita que quer impor um freio aos avanços que os governos progressistas da região lograram e forçar um retrocesso de gigantescas proporções nesses países.

Por que não pode confessar o que faria se ganhasse as eleições, a direita se limita às críticas, à difusão de um cenário pessimista sobre a economia e sobre o país, ao denuncismo vazio. Porque só se um país vai mal, a direita pode ir bem.

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