O que significa o fracasso das manifestações da direita ontem?

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Por Luís Felipe Miguel no Facebook – 

MBL e Vem Pra Rua já cumpriram sua missão de factoides e estão em acentuada curva descendente. Não devem desaparecer, mas sim se misturar de vez à constelação de páginas da rede destinadas à propagação da desinformação, limitando-se a este trabalho e abandonando a pretensão de liderar as ruas. Decerto estão perdendo grande parte do apoio de seus financiadores, aqui e lá fora, uma vez que estão deixando de ser úteis. Kim Kataguiri e Rogério Chequer vão, merecidamente, despontar para o anonimato, como dizia Nelson Rodrigues. A militância na extrema-direita pode continuar a ser um meio de vida para eles por bom tempo, mas num padrão mais proletário e menos estelar.




Mas os vitoriosos do golpe nunca foram esses “movimentos” ou os paneleiros de camisa amarela nas ruas. Os vitoriosos do golpe são os que lucram com a ampliação da exploração do trabalho e com a desnacionalização da economia. Eles não têm as ruas, mas continuam tendo a presidência, o Congresso, o Supremo e o resto do Judiciário, o MP, a PF, as polícias militares e a mídia a seu favor.

Retirar a direita das ruas não é ganhar a guerra. Não é nem ganhar uma batalha. Retornamos ao padrão; quem precisa ocupar as ruas é a esquerda, exatamente porque não controla os principais recursos de poder. A direita só vai às ruas em momentos excepcionais, quando é capaz de mobilizar um discurso de ameaça (como foi em 1964 e em 2015-6). A esquerda nas ruas obteve algumas vitórias, mas também acumula derrotas. Ir às ruas é uma arma dos fracos. E, como sabemos, as armas dos fracos são fracas armas.

Não estou dizendo que não seja importante nossa mobilização. Ela é fundamental. O sistema é blindado contra a pressão popular e, justamente por isso, essa pressão precisa ser ainda mais forte. Temos que fazer uma bela demonstração de inconformidade no dia 31 e tentar, a partir daí, quem sabe, construir algo mais poderoso – uma greve geral, uma ofensiva de ocupações e de desobediência civil.

Mas é importante ter claro que a disputa não é sobre quem leva mais gente para a rua. Esse discurso foi insinuado no momento da derrubada da presidente, quando a pataiada dominava a Paulista, para fazer com que o golpe assumisse ares de plebiscito informal. Mas não foi assim. Nunca é. E é menos ainda em circunstâncias como as que vivemos no Brasil hoje, em que nenhuma garantia vigora e mesmo o tênue fio que garantia a influência popular sobre o poder (o processo eleitoral) se mostrou vulnerável e reversível.

Não adianta mostrar que nós não queremos (o fim da legislação trabalhista, o fim da aposentadoria). Temos que chegar ao ponto de mostrar que a dominação deles será impossível.

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