Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
Bastou um jornalista fazer jornalismo e perguntar ao juiz Sérgio Moro sobre o seu futuro colega de ministério, Onyx Lorenzoni, que confessou ter praticado o crime Caixa 2, para o todo poderoso da autointitulada República de Curitiba responder sobre o assunto: “Ele já admitiu e pediu desculpas”. Então, tá, sendo amigo pode praticar crime, admitir e pedir desculpas que fica tudo bem?
Fiquei pensando em outras perguntas que poderiam ser feitas a bem do jornalismo sério. Sei que dificilmente farão estes questionamentos ao homem que condenou Lula por “ato de ofício indeterminado”, mas vamos a eles:
- O que o senhor fará se um juiz de primeira ou qualquer outra instância grampear o presidente Bolsonaro? (Pergunta sugerida pelo internauta Pedro Cindio).
- Se um juiz quebrar a hierarquia, indo contra a decisão de um superior, no caso um desembargador), como procedeu o senhor no caso do Habeas Corpus concedido pelo desembargador Rogério Favreto pela soltura do ex-presidente Lula, qual será o seu procedimento?
- qual a sua opinião sobre um juiz que fala, e muito, fora dos autos, principalmente para a imprensa, interferindo nos trâmites políticos?
- Qual sua opinião sobre um juiz que interfere no resultado de uma campanha eleitoral, ao criar fatos para chamar a atenção dos holofotes?
- Mesmo não sendo réu na época, Lula foi impedido de ser nomeado ministro da Casa Civil com a interferência de um juiz que vazou, ilegalmente, conversas telefônica entre ele, a ex-presidenta Dilma Rousseff, familiares e advogados. Se acontecer algo semelhante no governo Bolsonaro, qual será a posição do senhor?
- O senhor disse que seu ministério seguirá os parâmetros da Operação Lava Jato. Sendo assim, entenderá como natural as detenções coercitivas para depoimentos, com constrangimento, algemas e tudo, mesmo com o interrogado não se negando em nenhum momento em depor?
- O senhor sabia que está desobedecendo a lei ao tirar férias para cuidar de sua transição para o ministério? Que o certo seria o senhor pedir a exoneração?
Foto: Lula Marques