Por Alexandre Costa, compartilhado de Esquina Democrática –
Ao assistir os vídeos dos protestos pela morte de um homem negro nos EUA, imediatamente lembrei do músico brasileiro, morto por soldados do Exército com mais de 80 disparos de fuzil, no domingo do dia 7 de abril de 2019, no Rio de Janeiro. O racismo que matou George Floyd, de 46 anos, nos Estados Unidos é o mesmo que matou Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, no Brasil. Porém, as reações sociais e as consequências foram muito diferentes.
O assassinato de George Floyd, um homem negro de 46 anos, vítima do abuso de autoridade, do racismo e da violência policial na última segunda-feira (25/5), gerou uma série de protestos na cidade de Minneapolis, Minnesota, nos EUA. Há pouco mais de um ano, o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, foi assassinado com mais de 80 tiros de fuzil, disparados por soldados do Exército, no bairro de Guadalupe, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no dia 7 de abril de 2019.
A morte de George Floyd desencadeou uma série de manifestações e uma onda de revolta, com milhares de pessoas nas ruas. A polícia tentou conter os manifestantes com balas de borracha e bombas de gás, o que agravou ainda mais a situação. Em resposta, os manifestantes saquearam lojas e lançaram garrafas e outros objetos contra os policiais. Os protestos também se espalharam para outras cidades. Em Los Angeles, centenas de manifestantes fizeram uma marcha pelo Centro Cívico e chegaram a bloquear temporariamente uma rodovia, provocando confronto com a polícia. Uma viatura foi vandalizada e pelo menos uma pessoa ficou ferida. Em Memphis, cerca de 100 pessoas fecharam uma avenida. Ao menos duas pessoas foram presas.
O racismo é e sempre será o mesmo, independente do país ou continente. O que muda são as consequências, as reações, as leis e a punição.
Por um instante lembrei do termo usado para definir os crimes cometidos durante o regime militar no Brasil. Na tentativa de minimizar a barbárie, chamavam-na de ditabranda. Mas essa é uma outra história.
PROTESTOS NOS EUA
“Quero que esses policiais sejam acusados de assassinato, porque é exatamente isso o que eles fizeram, cometeram o assassinato do meu irmão”, disse a irmã da vítima, Bridgett Floyd, à emissora de televisão NBC. A polícia alegou que o homem resistiu à prisão, mas novas imagens, captadas pelas câmaras de um restaurante em frente ao local onde ocorreu a detenção, mostraram Floyd sendo conduzido à viatura policial, de mãos algemadas e sem oferecer resistência. A chefe da polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo, disse que o departamento vai conduzir uma investigação interna. Na cidade, o regulamento do uso de força do departamento permite que um agente se ajoelhe no pescoço de um suspeito, como “opção de força não letal”. De acordo com o mesmo regulamento, os “oficiais devem usar apenas a quantidade de força necessária”.
O FBI está conduzindo uma investigação federal, a pedido da polícia de Minneapolis. Já o sindicato da polícia pediu ao público que espere pelo desenrolar da investigação e que não “se apresse em julgar e condenar imediatamente os policiais”.
Personalidades da política, da mídia e do esporte denunciaram a violência injustificada da polícia contra os negros. “É um lembrete trágico de que este não é um incidente isolado, é parte de um ciclo de injustiça sistemática que ainda persiste em nosso país”, disse o ex-vice-presidente e candidato democrata à presidência, Joe Biden, que também comparou esse caso à morte de Eric Garner em Nova York em 2014.