O saber. A morte. As novas referências letais

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Domingo à noite, chegamos ao #RiodeJaneiro, minha filha e eu. Na segunda, cedinho, o compromisso mais esperando: o evento acadêmico, IX Simpósio de Pesquisas sobre Migrações, realizado na #UFRJ, no campus da “Urca, Praia Vermelha”, como cantou #TimMaia. 

Por Adriana do Amaral, compartilhado do seu Blog




Eu, feliz da vida por poder apresentar o meu projeto de pesquisa e sorver do conhecimento partilhado pelos colegas, mestres, mestrandos, doutores e doutorandos. Também, ouvir e dialogar com algumas dentre as minhas referências acadêmicas.

Um congresso requer investimento do pesquisador: escrever, submeter artigos e o estresse e alegria de ser recusado ou aceito.

Remarcar compromissos e arcar com despesas de viagem, hospedagem, alimentação e, algumas vezes, inscrições (no meu caso foi gratuita, por tratar-se de um evento realizado numa universidade pública, com organizadores conscientes). 

Um evento acadêmico no Rio de Janeiro sempre é uma oportunidade para um breve momento de lazer, e desfrutar da #cidademaravilhosa, com justa medida.

Quando vou ao Rio, gosto de ficar em #Copacabana, mas andamos por boa parte da orla, sem chegar à #BarradaTijuca, que nunca gostei.

Sentimento negativo aguçado pelas histórias recentes vividas no nosso país, em tempos de #PátriaArmada.

Voltamos na noite de quarta-feira (4 de outubro), quando um grupo de cientistas, todos médicos, de #SãoPaulo como eu, aproveitavam o cenário paradisíaco, confraternizando-se no quiosque na praia, desfrutando a companhia uns dos outros. 

Chegamos de madrugada em casa, bem, felizes, sãs e salvas, apesar do estresse no aeroporto, devido as fortes chuvas e o cancelamento e atraso nos voos. 

Eles não retornaram.

Não puderam reencontrar colegas, trocar achados científicos, aproveitar o Rio e comprar lembrancinhas.

Foram assassinados.

A violência institucional

Três vidas foram ceifadas.

Três médicos, que trabalhavam e pesquisavam em instituições públicas.

Três amigos. 

Três filhos, irmãos, maridos, namorados, tios, avô.

Ah, foi a milícia… 

Para mim, a milícia carioca é política, então trata-se de um crime político.

Soube, na minha estada em terras fluminenses, que, na Barra da Tijuca, até mesmo os catadores de reciclagem são obrigados a pagar “pedágio” para os milicianos.

É o tal poder paralelo, apoiado por autoridades do presente e passado, que mandam e desmandam sendo mandados.

“Estamos destroçados”, resumiu a irmã (deputada federal pelo PSOL-SP, #SamiaBomfim) do doutor Diego Ralf Bomfin, de apenas 35 anos!

As vidas dos doutores Marcos de Andrade Corsato, 62 e Perseu Ribeiro Almeida, 33 também foram destroçadas à bala de revólver.

Daniel Sonnewend Proença sobreviveu. 

Um para contar o horror dessa história macabra.

O Brasil está matando os brasileiros.

O Brasil armou e garantiu munição e poder a quem pudesse pagar, ou ser financiado, ou ter o respaldo nos últimos quatro anos.

E, perpetuando o ciclo de violência, os suspeitos foram alvejados.

Não haverá ninguém para apontar os verdadeiros mandantes do crime, e desvelar os porquês.

Eu cheguei ao Rio cantando Estação Derradeira, de #ChicoBuarquedeHolanda, e não paro de cantar…

Rio de ladeira, civilização, encruzilhada, cada ribanceira é uma nação… fronteiras, munição pesada… São Sebastião crivado (de balas) na noite… Cidadãos inteiramente loucos (em suas) com carradas de razão.

Abraçando você, #SamiaBomfim, e as famílias enlutadas.

Desejando plena recuperação física e emocional ao Dr. Daniel.

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