Por Simão Zygband, compartilhado de Construir Resistência
Foto de capa: Douglas Mansur
Há dias já se sabia da chegada de uma massa assustadora de ventos polares ao Brasil. Uma frente fria de arrasar. Mas, me chama atenção a inoperância dos governos em tentar proteger as milhares de pessoas que estão morando nas ruas, atiradas impiedosamente a elas pela grotesca crise econômica construída pelos governos de direita, sobretudo do genocida Jair Bolsonaro.
Confesso que não durmo sossegado no quentinho da minha cama sabendo que milhares de famílias (adultos, idosos, crianças, jovens) estão nas ruas enfrentando um frio impiedoso, que entra forte pelas janelas bem fechadas do meu quarto. Que tempos egoístas vivemos. Sei que haverá muitos que tentarão amenizar o sofrimento daqueles que vivem nas ruas, sempre uma ação individual (solidariedade) e não de Estado. Em São Paulo, temos um ícone da luta de resistência na defesa dos desvalidos, o padre Júlio Lancelotti, que se esfola para defender os mais necessitados, mas são ações que se não acontecessem, pioraria ainda mais a condição humana dos moradores de rua.
O problema é que quem deveria se mobilizar para enfrentar este problema não está nem aí. São governos insensíveis que continuam gastando dinheiro público com mordomias, sustentando “marajás” de toda a ordem, do Judiciário, das Forças Armadas, dos Legislativos, dos Executivos, enquanto o povo pobre morre de frio ou de fome.
Duvido que o governo cubano, que os conservadores tanto criticam pela “miséria”, “falta de oportunidade” e “cerceamento da liberdade”, deixaria seu povo morrendo à míngua pelas ruas de Havana, Santiago de Cuba ou Trinidad. Por sorte, Cuba não recebe massas polares, mas tem episódios de tornados e furacões. Sempre o regime comunista fez de tudo para amenizar os efeitos destas intempéries naturais, procurando proteger seu povo, da melhor maneira possível, deste tipo de calamidade.
Mas no Brasil, o governo do capitalismo selvagem implanta a política do salve-se quem puder. Óbvio que existem ações das Prefeituras, paliativas, para tentar recolher os moradores de rua para os poucos e de má qualidade albergues que existem na cidade de São Paulo, por exemplo.
Tem poucas igrejas (como a do padre Júlio) ou quadras de sindicatos (o dos Metroviários fez isso na última grande frente fria) que se abrem para abrigar a chamada população de rua e proporcior-lhes um lugar mais abrigado. Mas onde estão os pastores que tanto falam em nome de Deus e dos desvalidos, como o ícone deles, Edir Macedo ou Silas Malafaia e Waldomiro Santiago, falsos profetas que não abrem seus templos para os necessitados e não moveram uma palha durante a pandemia?
Não vi até agora uma campanha maciça da Prefeitura e do governo de São Paulo, alertando para as massas polares que iriam atingir o estado e realizando campanhas de coleta de roupas e alimentos para tentar atenuar o frio.
É bem verdade que isso só se resolve mesmo com políticas públicas, com melhor distribuição de renda e pleno emprego, trabalho ou renda. Mas nada disso parece existir nos dias de hoje, nos governos conservadores, apesar da população pagar impostos elevados para sustentar uma casta.
A luta é eminentemente política. E ela começa já em outubro com a eleição de governos populares, mais sensíveis ao sofrimento do povo.